O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, anunciou, esta segunda-feira, que a União das Misericórdias Portuguesas, foi uma das "instituições da sociedade civil" que se mostraram "disponíveis" para cooperar com a tutela e vir a dar emprego a jovens delinquentes, de modo a que estes encontrem "projetos de vida alternativos" ao crime.
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"Uma das disponibilidades que já nos foi manifestada foi da União das Misericórdias Portuguesas, para estabelecer uma contratualização que possa garantir respostas, nomeadamente em termos de empregabilidade, para estes adolescentes e jovens [...] que queiram fazer uma opção de vida e adotarem projetos de vida alternativos", adiantou o governante, à margem da primeira reunião da Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta, criada para estudar o fenómeno e apresentar propostas para a sua diminuição, em particular ao nível da sua severidade.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna de 2021, só na Área Metropolitana de Lisboa há 255 adolescentes e jovens identificados pelas autoridades como membros de grupos, que, com as rivalidades entre bairros como pano de fundo e as redes sociais como combustível, têm estado ligados a episódios violentos.
No total, registaram-se em 2021, em todo o país, 4997 participações de crimes praticados por grupos e 1120 por adolescentes, um aumento superior a 7% face a 2020. Os números são inferiores aos de 2019 - o último ano pré-pandemia de covid-19 -, mas fizeram ainda assim soar os alarmes no Governo, levando à criação daquela comissão, coordenada pela secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, e com a participação de vários ministérios, das forças de segurança e de instituições da área da juventude e da saúde, incluindo mental.
"Não podemos aceitar que adolescentes e jovens percam a plenitude das suas vidas", apelou, na abertura da primeira reunião da entidade, o único momento aberto à Comunicação Social, José Luís Carneiro.
A comissão tem agora um ano para apresentar um relatório com conclusões e propostas, mas tal não impede, ressalvou o ministro da Administração Interna, que, "sempre que se justifique", recomende ao Governo medidas que possam permitir mitigar a delinquência juvenil.