Em tom de brincadeira, citado pelo MP, José Nogueira dizia que a mulher, Paula da Silva Nogueira, é que era "a verdadeira comandante". E, segundo a acusação, terá interferido na avaliação dos trabalhadores civis". Por isso, vai responder pelo crime de usurpação de funções.
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Aquando da visita do presidente da República ao AM1, em maio de 2020, Paula Nogueira deu ordens para "alterar a ementa que estava definida, por considerar que o arroz de açafrão previsto não era o que melhor combinava com o prato principal [cabrito], obrigando os trabalhadores a atuar sob pressão".
Desde que o marido assumiu funções, a arguida "com uma frequência diária, ligava para a Messe, definia horas, ordenava o reabastecimento de produtos sempre diferenciados para a casa de função, as quantidades de alimentos, normalmente em razão do dobro, bem como mandava alterar a ementa prevista, caso a mesma não fosse do seu agrado ou do agrado do marido", refere o MP.
Testemunhas referem, por exemplo, que se a ementa fosse frango "terem que tirar a pele" era uma "exigência da esposa do comandante". Ou ainda que mandara "para trás uma carne à bolonhesa que considerou que não era prato que se apresentasse ao comandante". "Por essa razão tiveram que cozinhar outro prato para o substituir", refere o MP. Segundo a acusação, "por várias vezes criticou a confeção dos alimentos, considerando que as cozinheiras não estavam à altura das suas exigências".
Trocar bolo-rei
Também chegou a dar ordens a um primeiro-sargento e a um sargento-ajudante e "definiu as ementas de Natal e passagem do ano para a casa de função do comandante [seu marido]".
Naquelas ocasiões, sublinha o Ministério Público, terá dado indicações aos trabalhadores da messe para "trocar os bolos-reis de um quilo que tinham sido entregues na casa de função, por bolos de dois quilos, afirmando que não eram bolos dignos da mesa do comandante".