O Ministério Público acusou uma mulher de ter contratado sete elementos de um grupo de assaltantes para raptarem o companheiro, por achar que ele a traía.
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O "serviço" custaria 1200 euros e passava por levá-lo para o meio da serra do Gerês, espancá-lo e e deixá-lo ali nu e sem meios para se deslocar. Cinco vão ser julgados por este caso, ela como mandante e eles como executantes, mas vão sentar-se no banco dos réus mais oito arguidos - o resto do grupo de ladrões - que responderão apenas por vários assaltos que a Polícia Judiciária (PJ) desvendou durante a investigação ao rapto.
Em outubro de 2020, a vítima, um operário fabril de 38 anos residente em Guimarães, foi atacada à porta de casa e levada no próprio carro pelos alegados raptores, empenhados em cumprir a encomenda. Mas não se rendeu. Já no concelho de Braga, aproveitando uma distração dos raptores, abriu uma porta e atirou-se da viatura em andamento, a alta velocidade, conseguindo fugir, fuga que o JN noticiou na altura. Sofreu múltiplos ferimentos e foi assistido no Hospital de Braga.
Os sequestradores seguiram caminho e incendiaram o carro, um Peugeot 307, na zona de Cabanelas, em Vila verde. Mas como não acabaram o "serviço", a mulher, Liliana A., 42 anos, não lhes pagou os 1200 euros, passando ela própria e familiares a serem ameaçados pelo grupo.
Os inspetores da Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, da Diretoria do Norte da PJ depressa ligaram Liliana ao caso e, em abril do ano passado, estavam prontos para avançar para a sua detenção, dos restantes participantes no rapto e do resto da quadrilha de assaltantes.
No entanto, quando solicitaram ao Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público de Guimarães que pedisse ao juiz de instrução mandados de busca e detenção para todos, o procurador Ricardo Tomás deixou de fora Liliana A., que só viria a ser detida quatro meses depois. Terá tentado fazer desaparecer registos de telefonemas e mensagens comprometedores do telemóvel, mas a PJ recuperou-os.
Em causa, nas duas vertentes do processo, estão crimes de sequestro, roubo, tentativa de extorsão, furto qualificado e falsificação de documentos.
Pormenores
Queria "dar uma lição" - A investigação apurou que a mulher queria "dar um lição" ao companheiro, por achar que ele "tinha várias mulheres" ao ver mensagens no Instagram. Ele negou.
Levantaram 300 euros - Os raptores terão levantado 300 euros da conta da vítima depois, de a obrigarem a revelar o código.
Investigados pela PSP - O grupo de assaltantes já estava na mira dos agentes da PSP de Braga quando a PJ tomou conta do caso.