O juiz de instrução do Tribunal de Instrução Criminal do Porto mandou para julgamento a mulher filmada a encomendar a morte do ex-marido, da sogra e da namorada dele, grávida. Recorde o vídeo.
Corpo do artigo
Fernanda Salomé Oliveira, de 39 anos, vai ser julgada por três homicídios qualificados, na forma tentada, por alegadamente ter encomendado a dois capangas, e a troco de 175 mil euros, a morte do ex-companheiro - o advogado António Quintas - da mãe dele e da atual companheira.
Acusada pelo Ministério Público, Fernanda Salomé requereu a abertura de instrução, na tentativa de não ir a julgamento, alegando que os vídeos, onde aparece a combinar as circunstâncias e o preço dos três assassinatos, são "prova ilegal" porque obtida sem o seu consentimento. E a haver crime, segundo a sua defensora, seria apenas o de "instigação". De qualquer modo, diz que tudo não terá passado de "um processo de intenções", atos preparatórios "que nunca foram concretizados".
4970924
A contrariar esta tese estiveram o Ministério Público (MP) os assistentes, que reafirmaram a convicção de que Salomé quis matar as três pessoas em causa, objetivo não logrado por razões alheias à sua vontade - um dos indivíduos contratados filmou e denunciou o caso às autoridades. Acusação e assistente reiteraram que a prova recolhida era legal e, por isso, a arguida deveria ser julgada pela tentativa de triplo homicídio.
Instado a decidir, o juiz de instrução, num despacho conhecido ontem, deu razão à acusação, quase toda ela suportada pelos fotogramas que a defesa considerou ilegais. Segundo fonte do TIC, o juiz aceitou os vídeos como prova, considerando que o direito à vida se sobrepõe a outros direitos, como o da imagem ou da palavra. O magistrado teve ainda em conta outros indícios, como a prova testemunhal - designadamente as declarações do indivíduo que decidiu denunciar o contrato - para considerar que o mais provável é a condenação de Fernanda Salomé em julgamento. E foi para aí que a mandou.