Relatório policial envolvia ultras encarnados em risco de rixa em Guimarães, mas também no centro do Porto.
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Um grupo dos No Name Boys adeptos da subcultura Casual - um fenómeno transversal no futebol mundial marcado por ações violentas contra claques de outros clubes - queria atacar, com o apoio dos membros da perigosa claque croata Torcida Split, os rivais do F. C. do Porto na mesma noite em que lançaram o pânico no centro da cidade de Guimarães.
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Na terça-feira à noite, com uma centena de croatas, os benfiquistas "varreram" o centro da Cidade Berço à procura dos ultras vimaranenses. Mas sem terem conseguido atingir nenhum alvo entraram nos autocarros que os tinham levado (ler texto na página seguinte) e rumaram à cidade do Porto, para enfrentar elementos mais "radicais" de claques portistas como a dos Super Dragões.
Um relatório de informação policial, elaborado antes da partida, já apontava para riscos de tumultos, tanto em Guimarães como na cidade do Porto, antecipando a possibilidade de confrontos. Só não aconteceram porque os autocarros que saíram de Guimarães com 154 indivíduos, 23 dos quais portugueses, foram travados na VCI, à entrada do Porto pela PSP. Os agentes identificaram e fotografaram todos os passageiros. O JN sabe que os dados recolhidos serão agora inseridos numa base de dados internacional que monitoriza a violência no desporto. Após as identificações, a PSP acompanhou os autocarros até Vila do Conde, onde a maioria dos adeptos estava hospedada, evitando que fossem para a Ribeira do Porto.
Ainda assim, o grau elevado de risco levou a PSP a manter, pela madrugada fora, equipas do Corpo de Intervenção nas imediações da Ribeira, onde estariam "radicais" do F. C. Porto. Os grupos rivais já tinham trocado mensagens ameaçadoras e fotos nas redes sociais. Foi nas mesmas redes sociais que os Casuals dos No Name terão coordenado as ações violentas em Guimarães.
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A principal linha de investigação da PSP aponta para uma espécie de "caça" aos Casuals vimaranenses, sem que tivesse sido acertado um confronto. Paulo Roberto, do "Vitória Sempre", uma associação de adeptos do clube de Guimarães, diz que a ação "foi coordenada por elementos dos No Name Boys do Norte que conheciam bem Guimarães e que sabiam perfeitamente por onde entrar e como sair", sem serem notados.
Apenas uma hora
Entre o momento em que os autocarros os deixaram na Rua Eduardo Manuel de Almeida, perto da zona dos hotéis, passando pelo momento em que "varreram" o Centro Histórico, até rumarem ao Porto, os hoolligans (como os classifica a PSP) não estiveram em Guimarães mais de uma hora. As autoridades acreditam que se retiraram "por não terem encontrado oposição".
No caminho de volta, os autocarros foram atacados, ainda nos primeiros quilómetros do troço da A7 que liga à A3, em direção ao Porto. As pedras atiradas dos viadutos atingiram três dos cinco autocarros.
No Name prometem nas redes ajuda aos croatas
A amizade da claque benfiquista No Name Boys com a Torcida Split remonta a 1994, quando três adeptos encarnados morreram num acidente de carro, no regresso de um jogo entre os dois emblemas na Croácia. A tragédia cimentou a amizade e, nos últimos dias, sugiram nas redes sociais mensagens em que os No Name dizem que os adeptos do Vitória são perigosos e prometem ajuda para os enfrentar.
O que são Casuals?
A subcultura Casual, que regista em Portugal um crescimento de adesões desde há alguns anos a esta parte, é originária do Reino Unido onde nasceu, nos anos 80. São adeptos que vão aos estádios sem adereços alusivos aos clubes que apoiam.
Combates
Estes adeptos formam um grupo dentro das claques. Organizam rixas com adeptos rivais em que medem forças e tentam infligir humilhação.
Monitorizados
Em Portugal, há cerca de 500 Casuals que são monitorizados pela PSP, repartidos por cinco clubes.