Arma de fogo foi usada em 13 dos 28 crimes registados. 71% das mulheres assassinadas sofria de violência doméstica.
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Lisboa, com sete femicídios, foi o distrito com mais mulheres assassinadas, mas ao nível concelhio o destaque vai para Alandroal, Braga, Oeiras e Seixal, cada um com dois femicídios registados. Os dados constam no relatório do Observatório das Mulheres Assassinadas, a cargo da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que revela ainda "que a residência continua a ser o espaço onde a maior parte dos femicídios foram praticados (71%), seguido dos crimes praticados na via pública (18%)". "De salientar ainda que duas vítimas foram assassinadas em locais isolados e uma foi assassinada no seu local de trabalho", acrescenta o estudo que está a ser divulgado nesta sexta-feira e que acrescenta que 13 dos crimes assinalados foram cometidos com arma de fogo e oito com uma arma branca. O espancamento e o estrangulamento foram usados em três casos, enquanto uma das 28 mortes já ocorridas foi provocada por asfixia.
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Segundo a UMAR, que recolhe informação nas notícias publicadas nos meios de comunicação social nacionais, 15 dos 28 homicidas ficaram em prisão preventiva e dois foram internados num hospital psiquiátrico. "Em nove femicídios não é devida a aplicação de medida de coação, dado que após a prática do crime o homicida suicidou-se", salienta o relatório.
O mesmo documento confirma que "a maioria (71%) das mulheres assassinadas até à presente data foi vítima de violência" e que era "muito provável que alguém próximo tivesse conhecimento de tal violência". "À semelhança dos anos anteriores, os dados aferidos vêm, mais uma vez, corroborar que a maior parte dos femicídios ocorre em dinâmicas relacionais pautadas por violência prévia e muitas delas do conhecimento de familiares, vizinhos, amigos e até de órgãos de polícia criminal, sem que tal conhecimento tenha sido suficiente para a prevenção da revitimização e consequente femicídio. Assim, das 20 situações de violência doméstica identificadas pudemos constatar a existência de denúncia e de processo crime anterior à prática do femicídio em 12 das situações (43%). De salientar que em 14 das situações (50%) não havia menção quanto à existência de participação criminal junto dos órgãos de polícia criminal", frisa a UMAR.
O Observatório registou, igualmente, "um total de 45 filhos/as das mulheres assassinadas. "Da análise mais detalhada emanam que 26 (58%) eram filhas/os da vítima fruto de anteriores relações e 8 são menores de idade (idades compreendidas entre os 0 e os 15 anos)", lê-se no relatório.