“O Fábio era o líder, o patrão”, acusou em tribunal “ex” do Barão da Pasteleira
A ex-companheira de Fábio Ribeiro apontou-o esta quarta-feira como o líder de um grupo organizado que se dedicava ao tráfico de droga na Pasteleira Nova, no Porto. Ao todo, 37 elementos da rede "Pica Pau/Picolé" foram acusados de tráfico de droga. Cinco estão ainda acusados de associação criminosa.
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O principal arguido, Fábio Ribeiro, 37 anos, conhecido como “Crilim” ou "Barão da Pasteleira", preferiu manter-se em silêncio. Já Rafaela, 30 anos, a então sua namorada e com quem tem uma filha em comum, quis prestar declarações, mas sem a presença dos arguidos e de Fábio na sala, contra quem tem um processo em curso por violência doméstica.
Questionada sobre o porquê de querer que todos saíssem da sala, Rafaela explicou que tinha medo porque “isto é um grupo”. E indicou claramente quem mandava. “O Fábio era o líder, o patrão”, acusou.
Rafaela conheceu Crilim no bar onde trabalhava, no Campo Alegre. Apaixonou-se porque “era super bem tratada e acarinhada” por ele. Fábio disse que o muito dinheiro que ostentava vinha de uma garrafeira e de uma garagem. Com o tempo, Rafaela apercebeu-se de que a história não batia certo e ele admitiu que traficava droga. “Chegou a deixar uns tempos. Abrimos um bar e uma oficina, mas depois veio o covid. Tivemos de fechar e ele voltou a traficar”, recordou.
A ex-companheira de Fábio garantiu que “só fazia recados” - recebia e entregava dinheiro a quem lhe mandavam - porque Crilim nunca a quis na venda direta. “Acredito que não fosse por mim, mas, sim, por estar grávida. Nunca foi grande coisa como companheiro, mas como pai foi sempre excecional”, descreveu.
Ao longo dos quatro anos que esteve junto de Fábio, Rafaela apercebeu-se de que o grupo funcionava como uma firma. “Vendiam cocaína e heroína. Havia um turno da manhã e um da noite. Mudavam às 15 horas. Os funcionários não duravam muito. Havia gerentes que vigiavam os pontas (vendedores) e depois a Vanessa que vigiava tudo e controlava tudo no bairro. Era a pessoas de mais confiança do Fábio”, apontou Rafaela que, amanhã, quinta-feira, retoma o depoimento com perguntas do Ministério Público.
Na manhã, uma moradora de 48 anos confessou que cedeu as chaves de sua casa na Pasteleira Nova a Vanessa e a Hugo para lá guardarem droga. Deixaram-lhe duas vezes 200 euros na caixa do correi, mas “nunca foi por dinheiro. Foi devido à pressão e coação”, justificou Alda. A arguida recusou-se a responder às perguntas dos advogados dos outros arguidos, pelo que, face à ausência de contraditório, as suas declarações não poderão ser tidas em conta a esse respeito na decisão final.