Em apenas três meses, graças a falsas promessas de amor e de uma vida em conjunto, uma mulher de S. João da Madeira convenceu um economista a entregar-lhe todas as poupanças.
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Com falsas promessas de amor e de uma vida a dois, uma mulher de São João da Madeira conseguiu que um economista lhe emprestasse mais de 13 mil euros em apenas três meses. Alegava que era para pagar dívidas, comprar comida ou tirar cursos. O homem, recém-divorciado após mais de 20 anos de casamento, acreditou e entregou todas as poupanças.
Quando ele lhe disse que não tinha mais dinheiro, ela cessou os contactos e bloqueou-o nas redes sociais e no telemóvel. Seis anos depois, o Tribunal de S. João da Madeira condenou-a a seis meses de prisão por burla e ao pagamento de uma indemnização de 14 080 euros. Sentença confirmada pela Relação do Porto.
O casal conheceu-se no Facebook em março 2015. Poucos dias e alguns telefonemas depois, encontraram-se. Ao fim de duas ou três saídas, iniciaram uma relação. Tratavam-se por amor e beijavam-se mas nunca tiveram relações sexuais. Ela disse que tinham de esperar: estava com uma infeção urinária e a ser tratada a um mioma uterino.
Em tribunal, ele disse que acreditou num futuro comum. Já ela, primeiro negou a relação, depois admitiu que se tinham envolvido, mas que se afastou porque ele lhe apareceu bêbado e trazia os filhos para que ela cuidasse deles. Confirmou que lhe pediu dinheiro - nove mil euros -, mas que pretendia pagar. O tribunal não acreditou.
Conta a zeros
Em três meses, a mulher fez-lhe vários pedidos. Primeiro, mil euros para um curso de estética que lhe daria um salário de 1100 euros mensais. Depois, para pagar dívidas ao cunhado, à irmã e um cartão de crédito conjunto com o ex-marido. Ainda precisou de encher o frigorífico e de mais 650 euros para um curso de inglês.
Em maio de 2015, já com a conta a zeros e desconfiado das suas intenções, ele exigiu-lhe que começasse a pagar. Ainda lhe daria mais mil euros, supostamente para pagar "juros à cabeça" de um empréstimo de 14 mil euros para saldar a dívida. Depois disso, a mulher cortou todo o contacto com ele.
O homem recorreu aos tribunais que, quase seis anos depois, lhe deram razão. Para o tribunal de S. João da Madeira, a mulher fez crer ao ofendido que tinham uma relação e "inventou várias histórias para o levar a entregar dinheiro, enquanto alegados empréstimos, que nunca pensou pagar, nem pagou".
Foi condenada a seis meses de prisão por burla, pena suspensa desde que devolvesse os 13580 euros e pagasse uma indemnização de 500 euros no prazo de um ano. Ela recorreu. A Relação manteve a pena mas, tendo em conta as condições económicas dela, baixou o pagamento obrigatório no primeiro ano para 3500 euros.
PORMENORES
Frágil e deprimido
Após o fim do casamento de mais de 20 anos e afastado dos dois filhos, o homem "ficou frágil e deprimido" e caiu no logro da mulher, apurou-se em tribunal.
Filhos conviveram
A mulher terá promovido o contacto entre os filhos dele e a filha dela, hoje com 27 anos, para que ele pensasse que a relação tinha futuro.
Salário mínimo
A arguida estava empregada numa fábrica onde recebia o salário mínimo. Mora sozinha numa habitação social e paga renda de 9,80 euros. Está a pagar 320 euros mensais por um crédito pessoal de 11 mil euros.