Obrigava namorada a usar cinto com cadeado para a impedir de ir à casa de banho
Vítima era violada quase diariamente pelo companheiro e foi obrigada a usar um cinto com um cadeado que a impedia de tirar as calças para ir à casa de banho sozinha. Ao longo de quase um ano, foi obrigada a cumprir uma rotina diária degradante e tinha de provar a sua realização através do envio de vídeos.
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O namoro iniciou-se em agosto de 2022 e, logo no mês seguinte, começaram a viver juntos em Esposende. O homem aproveitou-se da debilidade intelectual da companheira e da sua fragilidade emocional, bem como de ausência de retaguarda familiar e insuficiência económica, para a sujeitar a um vida de sevícias e abusos ao longo de quase um ano.
"O arguido logrou forçar a sua companheira a submeter-se a um rol de normativos e rituais degradantes e humilhantes, por si prévia e pormenorizadamente determinados, os quais deveriam, sob pena de punição, segundo as instruções que dava àquela, reger uma parcela significativa das suas rotinas quotidianas, tais como tomar banho, ir à casa de banho, alimentar-se, vestir-se, permanecer de pé ou sentada em determinados lugares, deslocar-se em trajectos com portas, escadas, passeios e passadeiras", descreve um comunicado da Procuradoria Geral Distrital do Porto.
O homem fiscalizava o cumprimento rigoroso daqueles rituais e chegava a exigir-lhe o envio de vídeos para comprovar que tinha feito o que ele lhe tinha ordenado. Em março de 2023, para impedir que a companheira fosse à casa de banho sem ele, "passou a impor-lhe a utilização de um cinto, no qual se encontrava colocado um cadeado que impedia que a mesma despisse as calças que trajava".
Além deste trato humilhante e degradante, o Ministério Público de Barcelos considerou que, entre setembro de 2022 e junho de 2023, o arguido também agrediu a vítima, insultou-a e manteve com ela trato sexual contra sua vontade, num registo praticamente diário.
O arguido foi acusado de dois crimes de violência doméstica e 249 crimes de violação agravada. Encontra-se em prisão preventiva a aguardar o denrolar do processo.