Ladrões entram em garagens de bairro no Porto durante a noite. PSP já fez detenções e diz estar atenta.
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"Sinto que, se não for feito nada agora, daqui a uns tempos vamos ter pessoas a entrar dentro das casas enquanto dormimos", diz, preocupada, Isadora Fevereiro, moradora do bairro da Vilarinha, no Porto, onde uma onda de assaltos está a deixar a população inquieta. A PSP admite já ter feito detenções naquela zona habitacional, mas quem lá mora reclama mais ação.
Há cerca de uma semana, a mota de Isadora foi roubada da garagem durante noite. "Dantes eram os vidros dos carros partidos, agora já vão às garagens. Estes assaltos começaram mais ou menos em janeiro e de há três meses para cá tem sido muito pior", lembra Isadora.
Os furtos sucedem-se. Bicicletas, capacetes ou pequenas coisas esquecidas nos carros. Os moradores já apresentaram queixas na Polícia e reclamam maior intervenção das autoridades.
"Já roubaram matrículas e tudo. O bairro parece ser um alvo específico porque é um lugar sossegado, não tem policiamento e, por isso, eles andam aqui à vontade", insiste Luís Zamith, que mora na Vilarinha há cerca de cinco anos.
"Um dia destes tinha o portão aberto e entraram sem licença alegando ser da Remax [agência imobiliária]. Se isto fosse um local turístico, o rigor da Polícia era diferente", sublinha, revoltado, o morador. Luís Zamith colocou alarme na garagem depois de um assalto. "Entraram por uma janelinha durante a madrugada e roubaram-me os capacetes das motas. E já tinham tentado entrar lá porque quando fomos reparar a janela já tinha marcas anteriores", relembra.
Patrulha dos moradores
Ao JN, a PSP admitiu que nesta área, "no dia 21 de maio, foi detido um homem de 46 anos de idade pela prática do crime de furto no interior de residência e, no dia 24 de maio, foram intercetados e detidos dois suspeitos de 31 e 36 anos por furto no interior de estabelecimento comercial".
A PSP sublinhou ainda que "está atenta e a trabalhar para encontrar as melhores condições que permitam dar uma resposta de qualidade, indo ao encontro da sua missão de garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas bem como de prevenção e combate à criminalidade".
Ainda assim, esta resposta não é suficiente para os moradores e a preocupação é crescente. "Qualquer dia temos de andar a fazer patrulha e vigilância alternada no aqui no bairro!", ironiza Carlos Teixeira, de 38 anos.
"Não digo que a Polícia tenha de estar a sempre passar, mas que passe com frequência. Deito-me bastante tarde e nunca me apercebi de patrulhamento por aqui", diz Carlos, que está no bairro da Vilarinha há quatro anos.
Por sua vez, Luísa Lima refere que os assaltantes estão a arriscar cada vez mais. "Estão cada vez mais arrojados e está a gerar-se uma grande onda de insegurança porque nem dentro de casa estou segura. Vamos fazer o quê? Pôr grades à volta da casa?", questiona.
Receio nas Antas
O encerramento das esquadras do Lagarteiro e das Antas, no Porto, no passado dia 12, deixou os moradores revoltados por recearem que a insegurança naquelas zonas aumente. Todas as queixas e participações terão de ser apresentadas na Corujeira, a cerca de dois quilómetros.
Reorganização
As esquadras do Porto estão a ser reorganizadas com o objetivo de "aumentar a presença da força de segurança junto da comunidade, colocando mais agentes em funções operacionais e menos em administrativas", justificou o Ministério da Administração Interna