Onda de assaltos em Guimarães: "Não vale a pena falar com a Polícia, é uma perda de tempo"
Onda de assaltos varre Centro Histórico de Guimarães. Usam uma chave de fendas para arrombar portas de estabelecimentos, à procura, sobretudo, de dinheiro. Há comerciantes que já não apresentam queixa. Mas a PSP diz que já identificou um suspeito.
Corpo do artigo
O Centro Histórico de Guimarães tem sido alvo de uma onda de pequenos furtos. Só ontem de madrugada, entre as 4.00 e as 5.00 horas, houve pelo menos quatro assaltos em estabelecimentos comerciais, com recurso à mesma técnica de arrombamento, usando uma chave de fendas.
Na "Casa Carlos", uma retrosaria, o assaltante solitário entrou pela porta da frente, sem máscara e sem capuz, indiferente às câmaras de videovigilância, e dirigiu-se para o balcão, supostamente à procura de dinheiro. As câmaras filmaram a entrada pelas 4.50 horas. "Levou uma quantia a rondar os 50 euros, que tínhamos em moedas para fazer os trocos", conta Patrícia. A "Casa Carlos" é uma loja histórica, com 70 anos de atividade, primeiro na rua de Santo António, de onde saiu recentemente, devido ao aumento do preço da renda. A funcionária não se lembra de outro assalto a esta loja.
Supermercado assaltado cinco vezes
Armindo Silva conta uma história diferente. O supermercado da Rua Alfredo Magalhães já foi assaltado cinco vezes. "Recorrem sempre ao mesmo método. Eu até reconheço o indivíduo. Vem primeiro comprar qualquer coisa e dá uma vista de olhos para ver o que há. Depois, atua, quase sempre nas noites de quinta para sexta-feira", conta. Desta vez, o ladrão não conseguiu entrar no supermercado. Mas causou estragos na porta que fizeram com que esta não abrisse: "Tive que partir um vidro para abrir a porta, isto é só despesa e não vale a pena falar com a polícia, é uma perda de tempo", lamenta-se Armindo. Das outras vezes que foi roubado, levaram-lhe, principalmente, whisky e tabaco. "Quando eu vendia telemóveis, também levavam telemóveis", recorda.
A umas centenas de metros dali, no largo Francisco Agra, o proprietário de uma loja de material elétrico está a reparar a porta. A cena foi semelhante. Por volta das 4.30 horas, um homem tentou estroncar a fechadura da porta. Embora não tenha sido bem-sucedido, estragou a fechadura de tal maneira, que obrigou o comerciante a partir o vidro para conseguir abrir a porta.
"Os bandidos não são estúpidos"
O percurso do bandido continuou até ao largo da Misericórdia, onde arrombou a porta da Barbearia Ideal. "Levou cerca de 50 euros em moedas. Isto é para a droga, porque senão levavam outras coisas. Tenho aqui máquinas de cortar cabelo a custar 200 euros e nem lhes mexeram", afirma Manuel Sousa. Em 40 anos, a Barbearia Ideal foi assaltada pela terceira vez, embora já tenha sido alvo de mais duas tentativas falhadas. O barbeiro queixa-se de que há pouco policiamento no Centro Histórico e de que os policias que se veem só passam de carro. "Os bandidos não são estúpidos, deixam-nos passar e, depois, já sabem que estão à vontade", crítica.
O método de arrombamento foi semelhante ao de furtos anteriores, no Centro Histórico ou nas imediações. Terça-feira passada, no quiosque São Mamede, Rua Dr. José Sampaio, a ponta da chave de fendas partiu-se e foi encontrada pelo proprietário.
Mas a PSP investiga estes casos, já fez perícias nos locais e, através das imagens da videovigilância, identificou um suspeito.