O óxido nitroso, ou droga do riso, vai entrar esta quarta feira na lista de substâncias psicoativas. A sua venda, em botijas ou balões, que até hoje é punida com coima por transporte de medicamento de uso exclusivo hospitalar, vai ser tratada como tráfico de estupefacientes e os seus vendedores passam a ser alvos das autoridades policiais como traficantes de droga.
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O anúncio foi feito ao JN pelo Ministério da Saúde e em causa está o "perigo concreto para a saúde pública". A droga do riso é desde o início da pandemia distribuída em bares e discotecas sem qualquer controlo, conforme avançou o JN em primeira mão. Trata-se de um anestesiante médico que provoca um sentimento de euforia momentânea, mas cuja toma em excesso e sem acompanhamento profissional pode provocar lesões cerebrais. O gás entra na corrente sanguínea através dos pulmões e chega ao sistema nervoso mais rapidamente que o oxigénio, causando assim o efeito anestesiante. Em concentrações elevadas, causa hipoxia cerebral.
As polícias passaram a apreender várias botijas de droga do riso, mas não houve qualquer detenção. As botijas eram apreendidas e os portadores eram identificados. O processo passava para o Infarmed por estar em causa o transporte de medicamentos sem autorização, mas, devido aos inúmeros casos e ao facto de estes ocorreram em locais em que o Infarmed não tem competência de investigação, em bares e festas, este organismo recusou-se a receber mais botijas.
A alteração à portaria que aprova a lista de novas substâncias psicoativas deve ser publicada esta quarta feira em "Diário da República", sabe o JN. Na origem desta iniciativa está o pedido do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD). Em causa a "inexistência de mecanismo legal que permitisse contrariar eficazmente este fenómeno" e "em nome do princípio da precaução sanitária", avançou fonte oficial do SICAD.
"O seu uso associado a outras substâncias (álcool, drogas) potencia os riscos como asfixia por falta de oxigénio, perda de consciência, vertigens ou desorientação. O uso continuado pode conduzir a perturbações neurológicas, hematológicas, cardíacas ou psiquiátricas severas", descreve fonte oficial do SICAD ao JN.