Pais de Marlon Correia, universitário assassinado durante assalto no Queimódromo do Porto em 2013, responsabilizam FAP e empresa de segurança por desfecho fatal.
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Os pais de Marlon Correia, o estudante universitário de 24 anos morto a tiro durante um assalto à tesouraria do Queimódromo, em maio de 2013, exigem à justiça que a Federação Académica do Porto (FAP) e a empresa de segurança SPDE sejam responsabilizadas pela morte do jovem. Numa ação intentada no Tribunal Cível do Porto reclamam 220 mil euros. Segunda-feira, no final do julgamento, Jacinto Correia, pai de Marlon, disse ao JN que irá até às últimas consequências na Justiça. "Tem de haver responsáveis pela morte do meu filho", explicou.
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Foi por entender que Marlon foi assassinado ao desempenhar, para a FAP, as funções de vendedor de bilhetes que os pais colocaram a ação cível. Alegam que tanto a Federação Académica como a SPDE não acautelaram as condições de segurança adequadas.
Segunda-feira, nas alegações finais, Joaquim Maia de Almeida, advogado da família Correia, disse que a própria FAP admitiu ter a obrigação de garantir condições de segurança. "O tesoureiro e o próprio presidente da FAP à data vieram confirmar durante este julgamento que a FAP se obrigou a garantir a segurança dos vendedores. Eles lidavam com quantias astronómicas: entre 20 a 40 mil euros por dia. Era de prever a possibilidade de haver um assalto e a necessidade de reforçar a segurança", alegou o advogado, para quem a FAP deveria ter contratado os serviços da PSP, além da SPDE. "A segurança que estava lá não era eficaz, nem era dissuasiva", rematou, pedindo ao juiz que condene a FAP e a SPDE a pagar os 220 mil euros.
Para Pedro Pinto Monteiro, defensor da FAP, nada se pode apontar à Federação. "A FAP não podia ter feito mais. Recordo que todas as entidades, quer a Câmara do Porto, quer a PSP licenciaram o evento nos termos em que decorreu. Essas entidades não viram falhas porque não havia. Um assalto é um acontecimento imprevisível", argumentou.
Zélia Leal Pinto, que representava a SPDE, alegou no mesmo sentido, explicando ser impossível à empresa de segurança ter antecipado um assalto organizado e planeado daquela natureza.
Recusando o argumento de que a SPDE foi negligente, disse que nem sequer a empresa tinha meios ao seu alcance para travar o assalto.
A sentença será notificada às partes, num prazo de um mês.
Investigação ainda não conseguiu desvendar morte de estudante
Marlon Correia tinha trocado de turno com um colega, para vender bilhetes da "Queima das Fitas". Assim, ficou até mais tarde no recinto do "Queimódromo", onde pelas 1.15 horas de 4 de maio de 2013, chegou um grupo de encapuzados armados. Os indivíduos cortaram a vedação e foram diretos à tesouraria, onde a FAP concentrava as receitas de bilheteiras à espera da chegada de uma carrinha de transporte de valores. Dispararam sobre Marlon, que morreu no local. Desde aquela noite que a Polícia Judiciária do Porto se tem desdobrado em diligências para identificar os suspeitos. Mas, até agora, sem sucesso. Vários suspeitos foram apontados, mas nunca houve prova suficiente para os prender.