Para evitar “concorrência na Amadora” foi traficar para o Alentejo e acabou preso
Um traficante com residência no Bairro do Casal da Mira, na Amadora, foi condenado a seis anos de prisão por tráfico de droga no Alentejo. Um outro indivíduo que o acompanhava no dia da detenção foi absolvido.
Corpo do artigo
Durante seis meses, João Semedo, de 33 anos, fez viagens regulares entre a Amadora e diversas localidades dos concelhos de Beja, Ferreira do Alentejo e Aljustrel, para abastecer de forma direta diversos consumidores. Na tarde de 22 de junho do ano passado, foi apanhado por agentes da PSP de Beja que lhe seguia os passos depois de fornecer consumidores na aldeia de Rio de Moinhos, no concelho de Aljustrel.
Quando foi abordado, tinha no interior da viatura onde se fazia transportar, 187 doses de heroína e 653 doses de cocaína, além de 305 euros em numerário e três telemóveis. Feita uma busca domiciliária à residência de João Semedo, na Amadora, foram apreendidos 4010 euros, 3210 euros escondidos numa bolsa, disfarçada numa tábua de passar a ferro e 800 euros escondidos numa caixa no interior de uma mesa de cabeceira.
Na leitura do acórdão, lido na passada sexta-feira, a que o JN teve acesso, a presidente do Coletivo de Juízes justificou que “dada a concorrência na Amadora, as viagens ao Alentejo era muito lucrativas”, justificando o facto com a apreensão de um pacote com mais de 600 gramas de cafeína e paracetamol, utilizados como produto de corte das drogas.
Dado o cadastro do arguido, a magistrada lembrou que “tem passado pelos pingos da chuva, apesar das muitas condenações, sempre em penas suspensas, incluindo um crime de homicídio qualificado, na forma tentada”.
Quanto ao outro arguido, Fábio Ramos, de 37 anos, foi absolvido já nenhuma das testemunhas fez prova de que o mesmo estivesse ligado ao tráfico. “Hoje é o seu dia de sorte, mas não jogue muito com essa ideia”, aconselhou a magistrada.
No entanto, pela prática de três crimes de condução sem habilitação legal e um de falsificação ou contrafação de documentos, Fábio Ramos, não foi libertado, uma vez que tinha sido condenado em 2020 e 2021, a duas penas suspensas de 18 meses cada, tendo passado a cumprir as referidas penas um mês depois de estar em preventiva.
Por seu turno João Semedo, vai continuar em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Beja a aguardar o trânsito em julgado do acórdão, tendo sido decretada a perda de todos os bens apreendidos, desde a droga, ao dinheiro, às balanças de precisão e ao veículo onde se fazia transportar.