Trabalhador morreu há seis anos numa obra em Bragança. Empresa e funcionários da Câmara constituídos arguidos.
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A família de Pedro Lara, o operário da construção civil que morreu soterrado numa obra, na Estrada Nacional 15, em Bragança, há seis anos, está revoltada com o arrastamento do processo em tribunal. O julgamento de responsáveis da empresa e funcionários camarários chegou a estar marcado para janeiro deste ano, mas foi adiado e a família não entende porque não há ainda uma nova data.
O caso tem cinco arguidos, nomeadamente os responsáveis pela empresa que estava a executar os trabalhos de requalificação de passeios e instalação de saneamento para a Câmara Municipal de Bragança, e funcionários da Autarquia a quem cabia a fiscalização. Estão acusados de um crime de infração da violação das regras de construção.
A mãe, assistente no processo, está a pedir uma indemnização de algumas dezenas de milhar de euros. "Não faz sentido esta demora. É revoltante. A minha mulher perdeu o filho, que tinha 29 anos, e parece que ninguém quer saber de nada", explicou Feliciano Ribeiro, padrasto de Pedro Lara, que considera "ser mais do que tempo para se fazer justiça".
Padrasto assistiu
O processo-crime é a última esperança que a família tem de que as pessoas com responsabilidade na obra compensem a morte de Pedro, uma vez que, noutro processo, o Tribunal de Trabalho de Bragança decidiu que não havia lugar a qualquer indemnização. O juiz do caso considerou que a mãe e o pai não eram dependentes do operário falecido. A família ainda aguarda a decisão do recurso.
O acidente aconteceu no dia 31 de janeiro de 2015. Pedro Lara tinha acabado de chegar à obra, à entrada da cidade. Segundo o padrasto, que assistiu ao acidente, o desabamento deu-se pouco depois de o enteado ter entrado na vala que se destinava à instalação de saneamento. A obra era da Câmara de Bragança, que tinha por objetivo a requalificação da entrada sul da cidade. "Mal entrou na vala, a terra caiu-lhe em cima, soterrando-o", recordou Feliciano Ribeiro.
O jovem ainda foi assistido pelo INEM, mas não resistiu e o óbito foi declarado no local. Pedro Lara, natural de Tabuaço, encontrava-se ao serviço da ASG, Construções e Granitos, de Vila Real, a empresa adjudicatária da empreitada, há cerca de três anos.