O advogado Ernesto Salgado foi condenado recentemente pelo Tribunal de Braga numa pena de prisão de quatro anos, mas suspensa, por ter sacado 100 mil euros da conta, na Caixa Geral de Depósitos, do familiar de um cliente.
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Ernesto Salgado - conhecido por ter defendido recentemente um padre e três freiras de Famalicão, que acabariam condenados por crimes de escravidão - foi procurado por um cliente, em Famalicão, com uma procuração para o recebimento da doação de um tio, de Santo Tirso, em 2009. E terá aproveitado tal documento para, em 2010, falsificar uma declaração e levantar 100 mil euros, como se isso correspondesse à vontade do ancião, Joaquim Carneiro de Oliveira, entretanto falecido.
Segundo aquela "procuração", apresentada pelo advogado Ernesto Salgado na agência de Lamaçães (Braga) da Caixa Geral de Depósitos, o "procurador" do idoso de Santo Tirso seria o empresário Luís Pinheiro Sá Couto Reis, da Trofa, que está agora fugido em Espanha, tendo por essa razão o causídico famalicense sido julgado sozinho, com separação do processo.
Na sentença proferida no último dia 4, provaram-se crimes de burla qualificada e falsificação de documento. As penas parcelares foram, respetivamente, de três anos e meio e de um ano e quatro meses de prisão, em cúmulo jurídico quatro anos, suspensos por igual período, na condição de Ernesto Salgado indemnizar a CGD em 60 mil euros e ainda submeter-se a um plano de reinserção social.
Segundo o acórdão condenatório do Tribunal Coletivo de Braga, o trabalho da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais terá em vista "a consciencialização dos deveres por parte do arguido [Ernesto Salgado], perante a lei e para o respeito da propriedade alheia", com a finalidade de "manter-se afastado da prática do mesmo tipo de crimes ou outros".
Ernesto Carlos da Costa Salgado, de 47 anos, casado, natural e morador em Requião, Famalicão, negou sempre todas as acusações, afirmando "ter feito um favor a um empresário de sucesso de Famalicão", seu "amigo", ao acompanhá-lo à agência CGD, cujo gerente também era seu amigo e de onde saiu ainda antes de ser levantado o cheque.