Estudante de arte que pintou Padrão dos Descobrimentos sai do país e apaga contas nas redes sociais. Será pedida cooperação internacional para a deter.
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Leila Lakel foi traída pela vaidade e a Polícia Judiciária (PJ) já está no seu encalço. A francesa, que terá pintado um grafito com 20 metros de comprimento no Padrão dos Descobrimentos saiu do país, mas as autoridades nacionais vão ativar os mecanismos de cooperação internacional e não excluem a emissão de um mandado de detenção europeu. A jovem está indiciada pelo crime de dano qualificado.
Após ter completado o grafito no Padrão, Leila gravou um vídeo da sua obra e não resistiu a partilhá-lo na sua conta do Instagram. "Está feito. Adeus, Lisboa", legendou a francesa que assina as pinturas como LIA. Porém, a soberba foi-lhe fatal e tudo indica que será um até breve. A PJ não tardou a identificá-la e inclusive relacionou-a com atos da mesma natureza noutros locais.
Mandado de detenção
A jovem, que frequentará uma escola de arte francesa, saiu do país e apagou todas as contas que tinha nas redes sociais. Mas o JN sabe que as autoridades judiciárias não pensam deixar cair o caso e vão ativar os mecanismos de cooperação internacionais. Se necessário, poderá mesmo ser emitido um mandado de detenção europeu com o seu nome.
Recorde-se que na manhã de domingo foi detetado um grafito com cerca de 20 metros de extensão numa das laterais do Padrão dos Descobrimentos, na zona de Belém, em Lisboa.
limpeza feita
Na mensagem lia-se, em inglês, "Blindly sailing for monney [sic], humanity is drowning in a scarllet [sic] sea LIA [sic]", o que, numa tradução livre, pode ser lido em português como "Velejando cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate". A mensagem era assinada por Lia, pseudónimo de Leila Lakel.
O caso foi encarado como um crime de dano qualificado e a PJ assumiu a investigação da ocorrência. Peritos daquela força policial recolheram várias provas e após as perícias científicas, uma empresa especializada na remoção de grafitos procedeu à limpeza do monumento, que viria a ser concluída já depois da meia-noite de ontem.
Projetado pelo arquiteto Cottinelli Telmo, o Padrão dos Descobrimentos foi construído para a Exposição do Mundo Português, de 1940, mas foi refeito em betão armado e pedra rosal de Leiria, entre 1958 e 1960, tendo sido inaugurado em janeiro desse mesmo ano, no quinto centenário da morte do Infante Dom Henrique.
CONSEQUÊNCIAS
Até 5 anos de prisão
Segundo o Código Penal, quem danificar um monumento é punido com pena de prisão de até cinco anos ou multa até 600 dias.
2300 euros para limpar
A operação de limpeza teve um custo de 2300 euros mais o IVA, que será assegurado pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) de Lisboa. A empresa municipal não adiantou se irá imputar a despesa à autora da pintura.
Rondas reforçadas
Questionada sobre um reforço de segurança, a EGEAC lembrou que o monumento tem videovigilância no interior e rondas regulares no exterior, mas adiantou que as rondas da Polícia Municipal serão reforçadas.
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