Polícias obrigados a usar colete à prova de bala após casos de violência nas ruas
Os polícias vão ser obrigados a usar coletes balísticos. A nova medida surge após confrontos recentes entre polícias e moradores e bairros problemáticos. Sindicatos exigem coletes para todos.
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Os polícias passam a estar obrigados a utilizar coletes balísticos em oito tipos de ocorrências definidas pela PSP. Casos de violência doméstica, consumo de álcool ou droga e intervenções em bairros problemáticos estão entre as situações potencialmente perigosas e que, recentemente, causaram pelo menos 18 feridos entre o corpo policial. Ainda assim, a Direção Nacional da PSP recusa associar a medida aos episódios de violência nos bairros, justificando-a com "a elevada imprevisibilidade das ocorrências". Os sindicatos elogiam a decisão, mas lembram que não há equipamento suficiente para todos os polícias.
A novidade chegou por e-mail às esquadras. Os polícias ficaram a saber que o uso de coletes à prova de bala deixava de estar dependente da decisão de cada um dos agentes e passa a ser obrigatório em diversas ocorrências. "A imprevisibilidade do serviço policial e do surgimento de um ataque à nossa integridade física, mesmo em ocorrências de rotina e de expectável baixo risco, aconselham um uso mais frequente de coletes balísticos, especialmente em determinadas missões em que com maior probabilidade podem ocorrer acidentes e/ou agressões", explicava o diretor da PSP, Magina da Silva. Ao JN, a Direção dá justificação semelhante e apresenta como exemplo "duas situações de violência doméstica em que, contrariamente ao que era esperado, os polícias foram agredidos".
Afasta, assim, qualquer ligação entre esta decisão e os confrontos entre moradores de bairros problemáticos e a polícia verificados nas últimas semanas. "Foram apenas episódios esporádicos. A PSP entra todos os dias, de forma pacífica, em todos os bairros do país. Há uma boa interação", assegura fonte oficial.
Cintos de segurança
Em comunicado, o Sindicato Independente dos Agentes de Polícia concorda com o uso obrigatório de coletes balísticos, mas realça que a distribuição deste equipamento "deve ser em número suficiente para todo o efetivo o possuir de forma individual". E acrescenta que "não será razoável, no momento em que atravessamos uma crise pandémica, a partilha de um equipamento que deve ser naturalmente pessoal".
A PSP diz que "há coletes balísticos em número suficiente para todo o pessoal que se encontra em serviço" por turno, mas confirma que o mesmo equipamento terá de ser usado por vários polícias. "O equipamento é utilizado por cima da farda e não coloca em causa a saúde dos polícias", defende. A Direção afirma, ainda, que já está "programada a aquisição de coletes balísticos para se chegar ao estado ideal de haver um colete por polícia".
Além dos coletes à prova de bala, os polícias passam a estar igualmente obrigados à colocação de cinto de segurança sempre que circulem em viaturas oficiais. "Estudos científicos comprovam que o cinto de segurança, mesmo em atividade policial, salva muitas vidas. Esta é outra forma de aumentar os níveis de segurança dos polícias", avança a Direção, que, indo de encontro às pretensões do SIAP, promete adaptar as viaturas para tornar mais confortáveis as viagens dos agentes.