Indivíduo que tinha escola em Ermesinde começa esta terça-feira a ser julgado no Porto por ter molestado três jovens.
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Um professor e diretor de uma escola de dança de Ermesinde, Valongo, começa hoje a ser julgado no Tribunal de S. João Novo, no Porto, acusado de ter molestado sexualmente três alunos, com idades entre os 12 e os 16 anos. Conseguiu convencer as vítimas e os pais de que moveria influências para lhes proporcionar uma carreira de sucesso. Responde por 24 crimes.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), J. T., 42 anos, conseguiu convencer os alunos de que, caso não acatassem as suas instruções, não satisfizessem a sua vontade ou desistissem das aulas, veriam as suas carreiras terminadas por não poderem competir. Também fez crer aos alunos que tinha influência junto da Associação Portuguesa de Professores de Dança de Salão Internacionais, pois fazia parte ou organizava a tabela de júris de nacionais da modalidade.
O primeiro caso descrito pelo MP reporta-se a um aluno que começou a frequentar a escola quando tinha 12 anos. Porque tinha a confiança dos pais do rapaz e as aulas acabavam às 23 horas, conseguiu que a vítima pernoitasse em casa dele. Estávamos em 2007.
Aproveitou um momento em que o aluno dormia, deslocou-se à cama dele e molestou-o. O episódio só foi denunciado pelo aluno cerca de cinco anos depois.
A mesma atuação verificou-se com as duas outras vítimas, também molestadas em casa do professor. Inicialmente, o professor de dança foi acusado de mais de 570 crimes sexuais, envolvendo seis alunos. Mas os ilícitos referentes a três deles reportavam aos anos entre 2004 e 2007. Prescreveram.
Suspenso de funções
O professor de dança foi detido em setembro de 2018. Após o primeiro interrogatório judicial, ficou proibido de dar aulas. Manteve-se em liberdade, mas ficou obrigado a apresentar-se uma vez por semana num posto de Polícia, como medida de coação.
Vergonha e represálias
Os alunos abusados teriam vergonha ou medo de represálias por parte do professor. Por isso, só passados vários anos é que denunciaram o caso. Também se sentiam subjugados pelo arguido, segundo o MP.