Polícia quer evitar a criação de um "bairro policial", mas reforçou operações e vigilância no "supermercado" de droga do Norte do país.
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O comandante da 3.ª Esquadra do Porto, vocacionada para a investigação criminal ao tráfico de droga, tem noção que a PSP enfrenta uma "luta inglória". "Haverá sempre quem procure o lucro fácil", justifica o comissário Sousa Pereira. Mesmo assim, o oficial garante que a Polícia procura, "diariamente, minimizar os efeitos do tráfico e levar à justiça os seus culpados". "Aquele bairro não está votado ao abandono. A PSP faz esforços diários para promover o sentimento de segurança nos moradores da Pasteleira Nova e das áreas circundantes", realça.
Os números oficiais parecem dar-lhe razão. No ano passado, foram empenhados 5684 polícias nas 1859 ações e 137 operações de prevenção realizadas na Pasteleira Nova. Foram ainda identificadas 1214 pessoas e efetuadas 467 detenções. Destas, 338 estiveram relacionadas com o tráfico de droga, o que significa que foi detido mais do que um traficante por dia.
Entre janeiro e dezembro de 2022, a PSP também apreendeu mais de 322 mil doses de droga. Cerca de 240 mil eram de heroína. A estes números soma-se a apreensão de 264 mil euros.
Os números do ano passado são muito superiores aos registados em 2019. Naquele que foi o último ano antes da pandemia, a PSP identificou 322 pessoas, deteve 130 e apreendeu 4492 doses de droga e 4073 euros.
Várias valências
"Estes números aparecem porque trabalhamos cada vez mais naquele local", explica o chefe do Núcleo de Operação da PSP do Porto.
O subintendente José Ferreira avisa, todavia, que não se pode fazer da Pasteleira Nova um "bairro policial". Se por lá permanecesse "um grande número de polícias fardados, haveria a transferência do tráfico de droga para outro local", afirma.
O bairro fica na área da 2.ª Divisão Policial do Porto, que integra a Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial, situada em Aldoar. É aqui que estão as Equipas de Intervenção Rápida, preparadas para policiamento de visibilidade, apoio a carros-patrulha e operações de fiscalização diárias.
Muitas vezes, estes polícias são apoiados pelos colegas das Brigadas de Fiscalização Policial, que, trajados à civil, não passam um dia sem visitar a Pasteleira Nova, onde identificam suspeitos de tráfico, abordam consumidores e concretizam detenções.
Um papel mais resguardado têm os 29 elementos dedicados à investigação do tráfico de droga. Sempre de forma encoberta, estes polícias apostam na vigilância ao bairro e no controlo das redes que vendem a cocaína e heroína. O seu objetivo é chegarem aos líderes das organizações que abastecem a Pasteleira Nova.