Justifica-se com a divulgação por antecipação dos locais onde vai estar a controlar velocidade.
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O carro descaraterizado com o radar no tabliê é o mesmo há 20 anos. Ainda assim, sempre que o Toyota azul da Divisão de Trânsito da PSP do Porto sai para a estrada, apanha condutores em excesso de velocidade. Na sexta-feira de manhã, esteve na Circunvalação e, em apenas um par de horas, já tinha "fotografado" algumas dezenas de infratores. Adriano Silva foi um deles.
"Distraí-me, por acaso ia levar o carro ao mecânico", explicou o condutor de Matosinhos. Adriano passa por ali muitas vezes e esta foi a primeira fez que foi apanhado. "Agora vou ter de pagar, que remédio. Anda uma pessoa a trabalhar para isto", lamentou, mostrando sua indignação: "76 km/h numa estrada destas? Por amor de Deus... É mesmo a caça à multa!".
A subcomissária Cátia Moura nega. "Existe esse mito, mas não é verdade. Queremos que as pessoas reduzam a velocidade porque isso tem um impacto muito grande na sinistralidade rodoviária. Não nos interessa esconder os radares. Queremos reduzir a sinistralidade", garante a subcomissária da Divisão de Trânsito. Aliás, se fosse para caçar a multa, não publicitavam antecipadamente todas as operações de controlo de velocidade nas redes sociais e nas revistas de especialidade e não as divulgavam junto dos órgãos de Comunicação Social.
Escolhem locais de risco
O trânsito é intenso ao longo da Estrada da Circunvalação, mais ainda entre o cruzamento do Monte dos Burgos e a rotunda AEP. É um dos pontos onde, no ano passado, ocorreram mais acidentes, daí ter sido escolhido para a operação de controlo de velocidade.
"Anualmente, a PSP faz uma planificação com base nas estatísticas do Relatório Anual de Sinistralidade Rodoviária. As operações vão decorrer nos sítios mais propícios à ocorrência de acidentes", explica.
Apesar de ser uma Estrada Nacional e ter duas faixas em cada sentido, a Circunvalação tem um limite de 50 km/h. À primeira vista pode parecer pouco, mas é uma via em plena malha urbana, com muitos atravessamentos e repleta de trânsito, peões e bicicletas.
"Os condutores estão mais que alertados. Regra geral, assumem que vinham em infração, mas apresentam sempre justificações", conta a subcomissária. "Temos de os sensibilizar que não compensa. Existe a ilusão de que se aumentarmos a velocidade, vamos chegar mais rápido, mas é uma ilusão".