Tribunal do Porto condenou atleta internacional a três anos de cadeia efetiva. Estava em liberdade condicional quando bateu em agentes.
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Um pugilista profissional foi esta semana condenado pelo Tribunal do Porto a três anos de prisão efetiva por ter agredido dois agentes da Polícia Municipal, em setembro de 2019, em Vila Nova de Gaia. Os juízes, que poderiam ter suspendido a pena de prisão, decidiram enviar o arguido para a cadeia porque, meses antes da contenda, já tinha sido condenado a uma pena suspensa de um ano e meio de prisão por um crime de violência após subtração, pelo Tribunal de Gaia. O pugilista, atualmente em liberdade, ainda pode recorrer da decisão junto da Relação.
De acordo com a decisão judicial, os dois polícias, Hugo F. e Ricardo L., estavam devidamente fardados a controlar o trânsito no Largo Miguel Bombarda, em Gaia, quando surgiu o pugilista ao volante de um Fiat Punto, em contramão. Fábio C., de 31 anos, não obedeceu à ordem de paragem dada pelos agentes e acelerou o veículo na direção do polícia Hugo F., que teve de se desviar para não ser atropelado.
Poucos minutos depois, os agentes avistaram o Fiat estacionado na Rua Cândido dos Reis. O pugilista estava no exterior da viatura, a fechar a porta do condutor.
Foram ao encontro dele, mas, segundo o acórdão, "mal avistou os ofendidos junto de si, o arguido, que se dedicou à prática de pugilismo de competição, participando em várias competições nacionais e internacionais da modalidade, cerrou os punhos e desferiu dois murros no ofendido Hugo", que ficou momentaneamente sem sentidos. Depois, virou-se para o agente Ricardo L. e "aplicou-lhe um murro, atingindo-o no lado esquerdo da face".
O agente Hugo F. precisou de 53 dias de baixa para voltar ao serviço e Ricardo L., que ficou com os óculos partidos, 17.
Os juízes entenderam que, apesar de ter beneficiado de uma condenação com pena suspensa meses antes, "o arguido revelou ser incapaz de aproveitar a oportunidade que lhe foi concedida para inverter o seu rumo de vida" e consideram ser impossível voltar a suspender uma pena de prisão porque "o arguido revelou com o seu comportamento uma total indiferença à pena que cumpria".
Sindicato satisfeito com a sentença
O Sindicato Nacional das Polícias Municipais (SNPM) congratula-se com a decisão judicial de punir o agressor com uma pena efetiva. "É um sinal importante para que se respeite a Polícia. Foi uma agressão totalmente gratuita contra agentes que apenas estavam a cumprir a sua missão. A Justiça tem de ter mão firme com estes casos", disse ao JN Pedro Oliveira, presidente do SNPM.