Grupo indiciado por dezenas de assaltos a armazéns e camiões que renderam 3,5 milhões. Sapatilhas, cadeiras de bebé e toneladas de bacalhau e marisco revendidos em feiras, lojas ou nas redes sociais.
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O grupo de 14 indivíduos, detido pela PSP por suspeita de dezenas de assaltos milionários, no Norte e Centro do país, organizava leilões para escoar os bens furtados, num discreto armazém na zona de São Miguel-o-Anjo, em S. Pedro Fins, Maia. Lá, vários indivíduos convidados pelo grupo reuniam-se para licitar lotes de material a preços muito abaixo do valor de mercado, para os revender em lojas, feiras ou através das redes sociais. Dos 14 detidos na última quarta-feira, 13 foram colocados em prisão preventiva.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação da PSP imputa pelo menos 40 assaltos ao grupo, nos quais foram furtados bens com um valor superior a 3,5 milhões de euros, desde novembro de 2019. O primeiro golpe, num armazém de produtos alimentares, em Ermesinde, Valongo, permitiu ao grupo apoderar-se de cerca de 103 mil euros em bacalhau e marisco congelados. Poucas horas antes do assalto, o alegado líder do grupo fez um reconhecimento ao local, ao volante do seu BMW série 6 coupé. Mais tarde, e já com cúmplices, abriu um pequeno buraco numa parede da empresa Longosmares, levando cerca de dez toneladas de produtos em carrinhas.
Marca de luxo
Seguiram-se inúmeros furtos em empresas, armazéns e camiões que transportavam bens valiosos. De um veículo pesado estacionado na Rua da Indústria do Mindelo, em Vila do Conde, o grupo terá conseguido levar centenas de pares de sapatilhas da famosa marca de luxo Givenchy, avaliadas em cerca de 262 mil euros e de outro que estava estacionado ao lado, furtaram roupa da marca Zara.
No dia seguinte, a mulher do alegado líder da rede punha à venda, através de um vídeo em direto na rede social Facebook, parte desses bens furtados. Em novembro de 2021, numa operação na Feira do Cô, em Paços de Ferreira, a GNR acabou por apreender a um casal de feirantes cinco caixas de material furtado naqueles dois camiões.
De acordo com o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Ministério Público do Porto, o grupo tinha três bases operacionais onde planeava os assaltos ou guardava as mercadorias. Na primeira base, junto do Bairro das Areias, em Rio Tinto, Gondomar, os indivíduos escolhiam os alvos e combinavam os reconhecimentos. Também se reuniam na sede de uma associação desportiva de Leça do Balio, explorada por um dos suspeitos, onde estabeleciam contactos com outros indivíduos desejosos de adquirir as mercadorias.
Os leilões, onde os recetadores podiam comprar a mercadoria furtada a baixo preço, eram realizados num armazém da Avenida do Monte de São Miguel-o-Anjo, na Maia, onde eram guardados os bens.
Pormenores
Catalisadores
Alguns elementos do grupo também são suspeitos do furto de catalisadores de automóveis, nos concelhos de Celorico de Basto e Paços de Ferreira. Deram prejuízos de milhares de euros aos donos de vários automóveis.
Detidos pela GNR
Após um assalto numa fábrica de artigos em inox, em Guimarães, em fevereiro deste ano, quatro dos suspeitos foram detidos por uma patrulha da GNR e libertados por ordem judicial.
Modo de vida
A maioria dos arguidos não tinha qualquer ocupação laboral, pelo que o Ministério Público e a PSP entendem que faziam dos assaltos o modo de vida e de sustento. Apesar de não terem rendimentos declarados, ostentavam automóveis de gama alta.