
Reclusa ateou fogo à cela na manhã desta segunda-feira
Foto: Igor Martins
Uma reclusa que esteve detida na cadeia feminina de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, e que há três semanas agrediu uma colega de cela e dois guardas prisionais, ateou esta segunda-feira fogo a uma cela da prisão de Tires, em Cascais, para onde tinha sido entretanto transferida. Cinco guardas prisionais sofreram ferimentos ligeiros por inalação de fumo e tiveram de ser assistidas, por precaução, no Hospital de Cascais, assim como a reclusa.
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Segundo confirmou ao JN a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), a detida - que nasceu homem, tornou-se mulher e agora tenta reverter o processo - encontrava-se afeta ao setor de admissão do estabelecimento e ateou fogo a alguns dos seus pertences e ao colchão da cela.
"A situação foi imediatamente detetada pelos serviços de vigilância que, com os meios próprios do estabelecimento, extinguiram o foco de incêndio e retiraram a reclusa da cela", acrescentou a DGRSP.
Segundo apurou o JN, desde a sua transferência para Tires, a reclusa permanecia em isolamento, mas vinha insistindo em regressar ao convívio com as restantes reclusas. Na manhã de hoje, cerca das 10 horas, ameaçou as guardas durante o recreio por esse motivo. Pouco tempo depois, já na cela, usou um isqueiro para provocar o incêndio. Quando as chamas começaram, abriu a janela e refugiou-se no estreito parapeito exterior, com cerca de 30 centímetros, onde permaneceu. Ao entrarem, os guardas não a encontraram de imediato, concentrando-se em apagar o fogo, só depois percebendo que a reclusa continuava do lado de fora.
O INEM foi chamado ao local e recomendou a observação hospitalar de todos os envolvidos por precaução. Quatro horas após o incidente, a reclusa queixou-se também de dificuldades respiratórias. Os danos ficaram circunscritos à cela, e a situação foi considerada normalizada pela DGRSP, que anunciou a abertura de um processo disciplinar.
Apesar disso, a decisão de manter a detida em Tires gera desagrado no Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional. "Para nós, a solução ideal seria o seu encarceramento na cadeia de alta segurança de Monsanto", defendeu, ao JN, Frederico Morais.


