Em pouco mais de dois anos, usaram centenas de contas bancárias portuguesas para branquear 4,1 milhões de euros provenientes de vários esquemas internacionais de fraude bancárias. Mas os 12 especialistas em lavagem de dinheiro acabaram detidos pela Polícia Judiciária e foram agora acusados pelo Ministério Público (MP) de associação criminosa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
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De acordo com o MP, o esquema começou no final de 2016 e terminou no início de 2019. A maioria dos indivíduos, oriundos da Letónia, ofereciam a criminosos, através de sites russos na Internet, serviços de branqueamento de capitais.
Criaram tentáculos em Portugal, Estados Unidos, mas também na Áustria, Itália, República Checa, Bulgária, Polónia, Geórgia, Espanha, Suíça, Suécia, Letónia, Reino Unido, Bélgica, Alemanha e Austrália. Em todos estes países, faziam circular dinheiro sujo para que as autoridades perdessem o rasto da origem criminosa e assim torná-lo "limpo".
Em Portugal, onde foram investigados pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ, os indivíduos criaram 16 empresas que lhes permitiu abrir mais de 140 contas bancárias, por onde faziam transitar o dinheiro.
"Criaram e integraram uma estrutura dotada dos necessários meios humanos, logísticos, técnicos e financeiros, dedicada única e exclusivamente à designada "lavagem de dinheiro", isto é, ao branqueamento de capitais - à imediata e total dispersão de fundos obtidos ilicitamente pelo circuito económico-financeiro português e europeu", explica o MP.
Seis dos indivíduos, cinco letões e um natural da Polónia, estão atualmente em prisão preventiva, em Portugal. Os outros estão em parte incerta.
Estados Unidos
A maioria das vítimas é natural dos Estados Unidos. A operação da PJ, que permitiu a detenção dos indivíduos na Letónia, foi coordenada pela Europol e teve o apoio dos Estados Unidos.
Cibercrimes
A organização era constituída por dezenas de indivíduos, todos estrangeiros, e terá sido responsável pelo branqueamento de mais de dez milhões de euros, provenientes da prática de cibercrimes, em várias partes do mundo.
Comissão até 50%
Os indivíduos, que se faziam denominar QQAAZZ, cobravam, aos criminosos, entre 40 a 50% do valor a branquear. As autoridades calculam que tenham lavado 10 milhões de euros.