O início do julgamento de Rosa Grilo e do amante, António Joaquim, acusados de assassinarem o triatleta Luís Grilo, marido de Rosa, por causa de sete seguros de vida no valor de meio milhão de euros e de uma casa, está marcado para esta terça-feira.
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Se ambos acabarem condenados, o Ministério Público (MP) já pediu que a mulher nada herde. Será um tribunal de júri a decidir o destino do casal que viu desmontado o seu plano para um crime que julgava ter sido perfeito.
Se nenhum imprevisto acontecer, às 9.30 horas de hoje, no Tribunal de Loures, começarão a ser mostradas as provas - e serão muitas as recolhidas pela Polícia Judiciária (PJ) - do crime que pôs fim à vida de Luís Grilo, 50 anos, um triatleta consagrado que se terá tornado também um obstáculo para a relação extraconjugal que Rosa, de 44 anos, mantinha com António, um funcionário judicial de 43 anos.
De acordo com o despacho de acusação, no dia 16 de julho 2018, pouco tempo depois de a quase totalidade dos seguros de vida, feitos em maio, terem entrado em vigor, Rosa e António Joaquim assassinaram Luís Grilo com um tiro de pistola e várias pancadas na cabeça com um objeto contundente, quando ele dormia no quarto de hóspedes, dando cumprimento ao plano que haviam combinado exaustivamente em dezenas de mensagens por telefone. "(...) os arguidos, Rosa Grilo e António Joaquim, dirigiram-se a Luís Grilo e, em ato contínuo, António Joaquim apontou a referida arma na direção do corpo de Luís Grilo e efetuou um disparo (...) atingindo o crânio deste", refere o MP. "(...) por terem dúvidas se Luís Grilo estaria morto, os arguidos desferiram pancadas, na face do ofendido (...)", descreve ainda o Ministério Público.
Corpo deixado a 160 km
Rosa e António transportaram o corpo de Luís Grilo para um descampado, a 20 quilómetro de Benavila, Avis, perto do local onde os progenitores da arguida têm uma casa, e a 160 quilómetros da sua própria residência. O corpo de Luís seria encontrado a 24 de agosto, nu, com um saco de plástico na cabeça e outro a tapar uma tatuagem (para acelerar a decomposição e dificultar o reconhecimento), por um popular que fazia uma caminhada na zona e sentiu cheiro a putrefação. A tatuagem, uma cabeça de touro com a palavra "Iberman", foi fundamental para identificar o cadáver.
Seguro de assalto
Até ser detida pela Polícia Judiciária, o comportamento descontraído de Rosa Grilo fez confusão a muitos vizinhos. A mulher disse sempre que o marido desaparecera após ter saído para um treino de bicicleta, tendo levado a GNR, familiares e amigos a fazer inúmeras buscas, nas quais participou
Mais tarde, daria uma versão diferente sobre o sucedido, segundo a qual Luís teria sido morto por angolanos, num ajuste de contas por causa de negócios com diamantes. Um dos seguros de Luís previa uma indemnização de 50 mil euros em caso de morte num assalto.