
Rui Pinto, de 34 anos, está a ser julgado em Lisboa
Jorge Amaral / Global Imagens
Pinto garantiu esta segunda-feira, em tribunal, que, quando foi detido em janeiro de 2019 em Budapeste (Hungria), tinha já formalizado há meses a sua colaboração com o Ministério Público francês e contava tornar-se, no mês seguinte, uma testemunha protegida pelas autoridades gaulesas.
"Iria para território francês integrado na proteção de testemunhas", assegurou o mentor do Football Leaks, no quarto dia de interrogatório no julgamento, em Lisboa, em que responde por 90 crimes, 89 dos quais informáticos. Quando foi detido, teria até na sua posse um telemóvel dado pelos gauleses, que acabou por ser apreendido, com a cooperação da polícia húngara, pela Polícia Judiciária (PJ).
Segundo o hacker autointitulado denunciante, desde o final de 2016 que as autoridades gaulesas tinham interesse em ter a ajuda de Rui Pinto. "Só que eu não tinha advogado francês e o tempo foi passando", explicou. Até que, em agosto de 2018, passou a ser representado por William Bourdon.
Em novembro seguinte, a dupla reuniu-se com o Ministério Público francês, em Paris. "Combinei com as autoridades francesas que ia resolver a a minha vida em Budapeste e depois iria agendar-se uma data para eu ir para território francês", sublinhou.
A aproximação ocorreu numa altura em que a sua identidade tinha já sido tornada pública. "Se já havia interesse de parte a parte na colaboração, fazia todo o sentido levar essa colaboração mais avante, incluindo o programa de proteção de testemunhas. O meu nome já estava queimado em Portugal: era uma oportunidade única", argumentou.
Extraditado para Lisboa em março de 2019, Rui Pinto está desde agosto de 2020 em liberdade, sob proteção policial nacional. A libertação coincidiu com a altura em que passou a colaborar com a PJ em investigações contra terceiros. Paralelamente, a cooperação com as autoridades francesas continua.
O interrogatório prossegue na próxima segunda-feira, 7 de novembro de 2022.
PORMENORES
Quis descobrir fonte
Rui Pinto admitiu que, em 2018, acedeu a uma cópia dos e-mails do então diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Queria saber quem revelara a sua identidade à "Sábado", que a tornou pública. Não conseguiu.
Equipa foi "um flop"
O mentor do Football Leaks, criado em 2015, defendeu que a equipa especial criada em 2018 no seio do DCIAP para investigar crimes ligados ao futebol "foi um autêntico flop".
