Informações sensíveis estarão escondidas na Internet, onde ninguém as pode encontrar. Material apreendido a pirata informático ainda está por examinar.
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Rui Pinto escondeu em vários locais da Internet documentos e informações a que, agora, só ele pode ter acesso. Esta é a convicção das autoridades portuguesas que ainda não examinaram os computadores e discos externos apreendidos ao alegado pirata, colocado em prisão preventiva por suspeitas de crimes informáticos e tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen Sports.
Desde que passou a ser conhecido do público, em outubro do ano passado, depois de ter sido associado ao roubo dos e-mails do Benfica, Pinto terá começado a rodear-se de cuidados. De acordo com informações recolhidas pelo JN, começou a guardar informações sensíveis e até comprometedoras para ele em vários servidores espalhados pelo Mundo fora, acautelando a hipótese de, um dia, vir a ser detido e o seu material ser apreendido, o que aconteceu em meados de janeiro.
As autoridades acreditam que Rui Pinto é um perito em pirataria informática e, como tal, terá colocado informação, protegida por códigos de acesso, na chamada "DarkWeb" por dois motivos. Primeiro, para a esconder e não a ter fisicamente em casa; segundo, para tê-la acessível em qualquer parte do Mundo e a qualquer momento.
MATERIAL ENCRIPTADO
Ainda segundo informações recolhidas pelo JN, o computador e a dezena de discos externos apreendidos a Rui Pinto na Hungria mantém um sistema de encriptação que irá dificultar a tarefa dos inspetores da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e a Criminalidade Tecnológica da Judiciária.
Dependendo dos níveis de encriptação, a informação poderá nunca ser resgatada, a não ser que Rui Pinto colabore com as autoridades para abrir os segredos que contém e que poderão dar origens a novas investigações em território nacional e no estrangeiro, em cooperação com outras polícias europeias.
No material informático, os inspetores esperam encontrar provas que ligam Rui Pinto à violação de correspondência e à tentativa de extorsão à Doyen. Por outro lado, uma vez que o alegado pirata é também o único suspeito do roubo dos e-mails do Benfica, as autoridades também têm a expectativa de encontrar rasto que o ligue a este ilícito.
É previsível também haver informação sensível sobre múltiplos clubes, figuras associadas ao futebol, assim como documentos confidenciais de governantes e ministérios portugueses.
Recorde-se que as autoridades detetaram substanciais tentativas de "exfiltração de dados", visando e-mails trocados entre governantes, incluindo ministros e secretários de Estado, e outros decisores públicos.
ATAQUE AO ESTADO
As investidas do alegado pirata informático terão sido perpetradas entre 2016 e 2017. Todas foram reportadas às autoridades, que começaram a investigar de que forma eram feitas estas intrusões. O método utilizado aponta para o jovem gaiense, de 30 anos, para já formalmente indiciado pelo ataque à Doyen Sports.
Mas a PJ encontrou muitas semelhanças entre este ataque e o que sofreu o Benfica. Nos dois casos, o ataque informático terá sido, aparentemente, praticado através dos mesmos servidores, situados na Europa e nos Estados Unidos da América.
Após a extradição desde a Hungria, Rui Pinto está agora preso preventivamente na cadeia anexa à PJ de Lisboa. E as investigações prosseguem.
PORMENORES
Mercado do Benfica
Rui Pinto é suspeito de participação direta na difusão dos e-mails dos encarnados, no sítio "Mercado do Benfica". Terá sido ele quem fez a gestão do blogue. Desde que foi detido, nunca mais o sítio divulgou informação.
Espanha
As autoridades espanholas têm Rui Pinto como principal suspeito de ter pirateado os sistemas de correio eletrónico de vários clubes.
Colaborações
Rui Pinto já foi ouvido como testemunha por procuradores franceses e belgas no âmbito de investigações por crimes económico-financeiros.