Colaboração do pirata informático prevê a cedência de informação que ainda não veio a público de corrupção e fraude em clubes da Liga, mas também sobre Isabel dos Santos.
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As informações contidas no material informático de Rui Pinto podem ajudar a Polícia Judiciária (PJ) na condução de várias investigações em curso. O acordo de colaboração, firmado esta semana entre o pirata e as autoridades, e que lhe permitiu sair da cadeia, prevê a cedência de informação que diz diretamente respeito a investigações já em curso.
A corrupção e fraude fiscal no mundo do futebol, mas também dados sobre eventuais crimes perpetrados por Isabel dos Santos em Portugal, no chamado caso Luanda Leaks, são dois dossiês nos quais Rui Pinto se comprometeu ceder informação ainda não tornada pública.
É no caso dos e-mails do Benfica - no qual o Ministério Público suspeita de um plano para controlar e dominar o futebol português - que Rui Pinto pode vir a dar contributo decisivo numa investigação ainda sem luz ao fundo do túnel. Muita informação sobre este caso veio a público, através do Porto Canal e F. C. Porto, e do blog Mercado de Benfica, que também seria gerido por Rui Pinto.
Mais dados com o Benfica
Mas haverá ainda mais dados sobre o clube da Luz que estavam guardados nos discos externos apreendidos em Budapeste, aquando da detenção de Pinto, no início do ano passado. Essas informações vão agora ser transmitidas à PJ, a quem o pirata aceitou dar os códigos de desencriptação de uma dezena de discos externos.
O pirata também terá aceitado disponibilizar informações sobre eventuais ilegalidades no F. C. Porto. Já quando tinha sido detido na Hungria, Rui Pinto revelou: "Entristecem-me algumas coisas que soube sobre o F. C. Porto. Parte delas já são públicas. Se mais vão ser reveladas? Há essa possibilidade", afirmou aos jornalistas no Tribunal de Budapeste, onde viria a ser ditada a sua extradição para Portugal.
Também dado como certo no acordo de colaboração está a cedência de toda a informação que Rui Pinto detém sobre Isabel dos Santos. O alegado esquema de desvio de 115 milhões de dólares da petrolífera estatal Sonangol (de que foi presidente) para uma conta no Dubai pode configurar crime apenas em Angola.
Mas o esvaziamento de todo o saldo da empresa numa conta do EuroBic em Lisboa (do qual é a principal acionista) no dia seguinte à sua demissão poderá configurar um ilícito em Portugal. As autoridades portuguesas também querem averiguar se poderão ter sido cometidos outros crimes, como branqueamento de capitais.
Além destes dois casos, o material de Rui Pinto também deve conduzir à abertura de novas investigações.