Uma operária fabril, de 51 anos, residente em Belmonte, foi detida esta semana pela Polícia Judiciária da Guarda por suspeita de sequestro e coação da própria tia, de 89 anos, alegadamente para a obrigar, violentamente, a alterar o testamento em seu favor.
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A mulher acabaria por ser libertada pelo tribunal de Castelo Branco.
A suspeita, que trabalha como costureira numa fábrica têxtil da região, soube que a idosa tinha feito uma mudança no testamento, deixando a operária de constar como a única beneficiária, ficando com todos os bens da mulher após a sua morte.
Quando teve conhecimento da alteração, a sobrinha e afilhada não gostou e decidiu agir para mudar a situação. A investigação apurou que, dias antes do final do ano, a mulher decidiu ir a casa casa da familiar, na Covilhã, para a obrigar a inverter a situação.
Segundo o relato feito pela vítima à Polícia, a suspeita agarrou-a pelo pescoço e imobilizou-a. Depois, obrigou-a a inalar uma substância semelhante a éter, presumem as autoridades que para tentar deixá-la sem sentidos, ou suficientemente entorpecida para não oferecer resistência. A sobrinha exigia que alterasse de novo o testamento para a tornar outra vez a única beneficiária, por meio de assinatura a rogo, atestando que aquela era a sua vontade.
Gritos alertaram vizinhos
Mas não foi sem resistência que tudo aconteceu. E a prova disso foi que os gritos da idosa acabariam por ser ouvidos pelos vizinhos e estes correram a ajudá-la, evitando que o caso tivesse piores consequências. Um mês depois deste episódio, e já na posse do mandado judicial que lhes permitiu realizar buscas domiciliárias, os inspetores da Polícia Judiciária detiveram a arguida. Ontem, a operária respondeu ao primeiro interrogatório judicial no tribunal de Castelo Branco. Foi libertada pelo juiz de instrução, mas ficou proibida de contactar com a vítima, e de entrar na freguesia onde ela mora. Está ainda obrigada a apresentar-se periodicamente à polícia da sua área de residência.