"Em 24 de agosto, acolhemos no Pavilhão Multiúsos 16 migrantes timorenses. Agora temos quatro dezenas e é necessária uma resposta urgente do Governo", reclamou, esta segunda-feira à tarde, o presidente da Câmara Municipal de Serpa, João Efigénio Palma, numa conferência de imprensa convocada com o objetivo de alertar as autoridades para a grave situação que se vive na cidade com os imigrantes timorenses. Um caso com contornos que estão a ser investigados pelas autoridades.
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"GNR, SEF, ACT e Segurança Social: todos vieram a Serpa, mas cada um resolve as coisas da sua competência. Não podemos ser nós a ficar com o menino nos braços. É preciso tirar a cabeça da areia e resolver este problema ao nível do Governo. É preciso legislar e impor obrigações aos contratadores", apelou João Efigénio Palma.
O autarca avisou: "Por mais duro que seja, não podemos receber mais ninguém". E acrescentou que os imigrantes que foram instalados no Pavilhão Multiúsos de Serpa só aqui se podem manter até "meados de outubro".
O autarca disse que estão em Serpa "cerca de duas centenas de pessoas que correm o risco de ser despejadas das casas e não têm meios de subsistência por falta de trabalho", rematou.
Quando questionado se o convite feito em Timor pelo Presidente da República poderá ter sido o catalisador para provocar este fluxo de timorenses, João Efigénio Palma respondeu: "Não podemos convidar pessoas para a nossa casa se não temos condições para as receber".
Alberto Matos, da Solim-Associação Solidariedade Emigrante, também não poupou críticas a Marcelo Rebelo de Sousa. "Quem aproveitou esse apelo e se organizou foram as máfias locais. Depois, em Portugal, há que responsabilizar os novos e velhos latifundiários, os donos da terra que são quem lucra com a exploração dos trabalhadores", apontou.
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À porta da Câmara, onde decorreu a conferência de imprensa do seu presidente, estavam vários imigrantes timorenses. Bendita, uma dessas imigrantes, está com a irmã e outros 21 timorenses, há dois meses, em Serpa. Este grupo está sem trabalho já foi ameaçado de despejo pelo proprietário da casa onde estão alojados. A água e a luz já foram cortadas.
"Apanhávamos peras em Santa Vitória e não temos trabalho, do tempo que trabalhámos nem tudo foi pago. Não temos como resolver o assunto ", justificou Bendita.
Bendita também contou como chegaram a Portugal: "Quem nos trouxe foi a New Generation, uma agência a quem pagamos dois mil dólares cada um e estamos ao abandono".