O presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Armando Ferreira, avisa que, pelo défice de agentes, a Esquadra de Vila do Porto, na Ilha de Santa Maria, nos Açores, corre "o sério risco de poder fechar".
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Segundo declara o dirigente sindical ao JN, os serviços mínimos de patrulhamento só ali têm sido assegurados graças ao corte de folgas dos agentes. Mas estes estarão próximos do seu limite. "Vários agentes não aguentam muito mais", avisa. "Mais de metade dos elementos da esquadra já contactou o Sinapol a perguntar se o "burnout" é doença profissional e justifica a baixa médica".
Armando Ferreira defende, aliás, que "o burnout causado pelo corte de folgas está a atingir níveis inaceitáveis mesmo a nível nacional". "Em média, um polícia tem um período de folgas (quatro dias seguidos) cortado por mês", estima.
Esse corte "é um desrespeito pelo direito ao descanso" que na Esquadra de Vila do Porto, não é de agora. "Já no ano passado ficaram períodos de folga por gozar", alega, garantindo que "anda há meses a alertar para a situação".
Armando Ferreira promete "levar o assunto ao ministro da Administração Interna", José Luís Carneiro, em próxima reunião, e ameaça:
"Não descarto levar a questão aos tribunais europeus, por desrespeito do direito ao descanso".
Efetivo de 33 polícias
A Esquadra de Vila do Porto tem 33 polícias, mas nove não fazem patrulhamento, por razões de saúde (quatro estão de baixa prolongada), pelas suas funções (casos da comandante, do seu adjunto, do polícia colocado na secretaria e da agente da Brigada de Investigação Criminal) ou por outras limitações (um polícia não faz noites).
Para o funcionamento regular da esquadra são precisos, nos vários turnos do dia, 20 agentes. Restariam quatro para o patrulhamento, não houvesse férias e folgas.
O JN questionou a Direção Nacional da PSP e a Câmara de Vila do Porto, mas não obteve respostas.