O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, reage com indignação à carta que lhe enviou a PSP - <a href="https://www.jn.pt/local/noticias/porto/porto/psp-pediu-a-camara-do-porto-novas-ruas-e-mais-luz-na-pasteleira-nova-15771249.html?target=conteudo_fechado" target="_blank">e que foi noticiada esta sexta-feira pelo JN</a> - a pedir a abertura de ruas, mais iluminação pública e o corte de arbustos no Bairro Pasteleira Nova, centro nevrálgico do tráfico de estupefacientes no Porto. O autarca considera que a carta que recebeu constitui uma "tentativa de cosmética" da parte da Polícia.
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Segundo sustenta o presidente da Câmara, as medidas sugeridas para aumentar a eficácia das ações policiais no combate ao tráfico constavam do seu programa eleitoral de 2013 e já foram implementadas ou estão a ser estudadas. Rui Moreira defende ainda que a solução para o tráfico e consumo de droga naquele local da cidade não passará pela demolição da Pasteleira Nova.
Um dia depois de ter sido confrontado com as reivindicações da PSP, o edil portuense recorda ao JN que foi ele quem mandou construir, em 2014, a Rua Dr. Albino Aroso, artéria junto ao mais problemático dos bairros da cidade e onde está instalada uma sala de consumo assistido. "Também demolimos a antiga fábrica do sabão, que era usada por muitos consumidores", realça.
O autarca garante que também foi ideia dele abrir uma nova rua nas traseiras da Pasteleira Nova, projeto que, no entanto, foi marcado por vicissitudes e ainda não foi concluído. "Há uma significativa diferença de cotas entre os pontos de partida e de chegada da rua, o que pode implicar a demolição de algumas habitações. Estamos a estudar a melhor solução", afirma.
Demolição não é solução
Rui Moreira revela igualmente que está em estudo a possibilidade de fechar algumas das vielas e arruamentos que dividem os blocos habitacionais do bairro. Estes espaços são utilizados para o tráfico de droga, uma vez que são de difícil acesso às forças policiais e não permitem ações de vigilância. "Estamos a escolher os materiais que serão usados para proceder à intervenção. Mas não serão fechados todos os arruamentos, porque temos de garantir a segurança e o acesso de pessoas com mobilidade reduzida", esclarece.
Mais dura é a reação do presidente da Câmara do Porto ao pedido para cortar vegetação que dificulta a visibilidade para o bairro. "É mentira que alguma vez a PSP tenha pedido para podarmos os arbustos. Aliás, fomos nós que avançámos com esta medida, nomeadamente no Jardim do Fluvial, onde havia arbustos que permitiam que os toxicodependentes se escondessem enquanto consumiam".
Rui Moreira promete continuar a intervir na Pasteleira Nova, até porque defende que a demolição do bairro não é solução. "O bairro foi feito assim e não pode ser demolido. Tal como a Sé. Não tenho a visão, que já houve nesta câmara municipal, de demolir quando há problemas nos bairros", afirma.
As declarações do edil portuense são efetuadas após o JN ter revelado que a PSP endereçou uma carta à Câmara Municipal do Porto a propor várias intervenções urbanísticas que podiam contribuir para atenuar o tráfico de droga na Pasteleira Nova e, simultaneamente, melhorar a atuação policial.