Carlos Poiares, psicólogo e vice-reitor da Universidade Lusófona, ajuda-nos a perceber as motivações que pode ter um terrorista.
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Porque é que um jovem chega a querer cometer um atentado?
Entre os 15 e os 25 anos podem surgir problemas de ordem mental até então escondidos. E podem ser espoletados com maior intensidade em jovens que entraram para a universidade há três anos e vivem uma situação anómala devido à pandemia. O confinamento implicou que as pessoas ficassem mais fechadas e expostas, além do consumo de álcool e drogas, aos perigos da internet, que têm uma implicação maior em quem já tem uma propensão para a doença mental.
Pode ter sido influenciado por casos semelhantes?
Ainda não houve nenhum massacre em Portugal, mas esse é um acontecimento que nos é servido até à exaustão. E isso pode ter influência em pessoas que já estão envolvidas num quadro patológico e que procuram o reconhecimento e a notoriedade. Estas pessoas pensam que é mais fácil serem valorizadas pelo que fazem de negativo.
O que deve ser feito para evitar situações iguais?
Tem de haver uma aposta na prevenção e isso implica que as universidades tenham um serviço de apoio psicológico.
Haverá mais jovens com intenções semelhantes?
Haver, há, embora o facto de este rapaz ter sido apanhado tão precocemente possa dissuadi-los. Mas é preciso manter uma atenção permanente, até porque pode haver quem diga "se este não conseguiu ser o primeiro português a cometer um massacre, eu vou conseguir".