Aluno "brilhante", jovem com problemas de socialização, que era gozado pelos outros. O perfil do jovem que planeou um atentado terrorista em Lisboa.
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João, 18 anos, é o estudante de Engenharia Informática que se preparava para cometer, esta sexta-feira, um "ataque terrorista" na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que a Polícia Judiciária conseguiu impedir, após ter sido alertada pelo FBI.
"Aluno brilhante" quando estudou na Escola Secundária da Batalha, João sempre teve problemas de socialização, ao ponto de não se relacionar com jovens da sua idade e de nem sequer cumprimentar os vizinhos com quem se cruzava na aldeia de Lapa Furada, em S. Mamede, Batalha.
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É nesta aldeia que moram os pais e o irmão mais velho do estudante universitário e onde cresceu sem que alguma vez fosse visto com amigos. A aparente timidez do jovem era motivo de gozo dos miúdos da sua idade, mas nem assim reagia.
"Sempre foi um rapaz reservado, no cantinho dele", testemunha um morador de Lapa Furada. "A minha mulher diz que não se lembra de o ver a jogar à bola, quando era criança, pois estava sempre metido em casa", acrescenta.
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Quanto aos pais de João, o morador da aldeia diz que "são pessoas sérias, que nunca se meteram em problemas, nem em conflitos". A mãe trabalha numa fábrica e o pai é bate-chapas e pintor de automóveis.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o alerta foi dado às autoridades portugueses pelo FBI, a polícia federal dos EUA, depois de esta ter recebido uma denúncia anónima de um utilizador da Deep e/ou da Dark Web, uma espécie de submundo da Internet, inacessível à generalidade das pessoas, e onde o estudante universitário terá anunciado que iria levar a cabo um atentado contra os colegas de faculdade.
TINHA PLANO DETALHADO
A informação foi comunicada pelo FBI à secreta nacional - Serviço de Informações de Segurança (SIS) -, que, por sua vez, a transmitiu à PJ. Esta conseguiu, em tempo recorde e através da Unidade Nacional de Contraterrorismo, identificar o jovem, solitário e sem muitos contactos sociais. Vigiou-o alguns dias e, ontem, travou o ataque a apenas 24 horas de, previsivelmente, ocorrer.
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"Face à gravidade das suspeitas, foi atribuída máxima prioridade à investigação, a qual permitiria, hoje [ontem], às primeiras horas do dia, interromper a atividade criminosa", referiu, em comunicado, a PJ. A busca domiciliária, solicitada pelo Ministério Público de Lisboa e autorizada com bastante celeridade por um juiz de instrução, permitiu recolher elementos que confirmaram a denúncia das autoridades americanas.
Entre estes, apurou o JN, estão várias armas brancas, botijas de gás e garrafas de gasolina - que podem ser usadas em crimes violentos - e um plano detalhado da ação que queria pôr em prática.