O primeiro interrogatório dos 12 detidos da Operação Pretoriano começa, esta quinta-feira à tarde, no Tribunal de Investigação Criminal do Porto, onde a PSP montou um forte dispositivo de segurança. Todos os detidos já chegaram ao TIC.
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Cerca de cem pessoas reuniram-se nas imediações do tribunal para assistir à chegada dos detidos, entre eles Fernando Madureira, Vítor Catão e outros elementos dos Super Dragões, e a PSP tem um forte contingente de agentes na zona, para que tudo decorra com normalidade. As autoridades colocaram grades à porta do tribunal, para ajudar a controlar o movimento de pessoas.
A primeira carrinha a entrar no tribunal foi ovacionada por algumas das pessoas que se encontram no local, num primeiro momento de emoção. Todos os detidos já estão em tribunal. A maioria dos suspeitos chegou num autocarro da PSP e saíram do veículo para entrar a pé no tribunal.
Os interrogatórios vão ser conduzidos pelo juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira. Segundo a Procuradoria Distrital do Porto, em causa está "a prática dos crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coacção agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação".
Suspeitas de condicionamento
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o MP e a PSP recolheram indícios de que Adelino Caldeira, dirigente do F. C. Porto, combinou com Fernando Saul, Madureira e a mulher, vice-presidente da claque, calar vozes dissonantes, descontentes com a atual administração e que apoiavam André Villas-Boas, candidato à presidência do clube.
“Definiram o que deveria ser posto em prática para que lograssem a aprovação da alteração dos estatutos em benefício de todos os envolvidos e sem perda de regalias, designadamente vendo garantidos os seus ganhos tirados da bilhética para os jogos de futebol”, garante o MP, que diz que a alteração dos estatutos era importante para os interesses da atual direção do clube.
A investigação da PSP acredita que, para garantir o objetivo, os suspeitos quiseram colocar no espaço reservado para a assembleia geral uma “massa humana por si controlada”, que provocou agitação e constrangimento junto dos sócios que queriam exercer livremente o seu direito de voto.
O JN sabe que as buscas de ontem, que levaram à apreensão de 50 mil euros em casa de Madureira, além de droga em outros locais, também foram motivadas por um inquérito em que são investigadas as agressões de que foi vítima o segurança de André Villas-Boas, em novembro do ano passado.
No dia 13 daquele mês, a casa do candidato foi vandalizada com pinturas e foi rebentado um petardo. Cerca de duas horas depois, vários indivíduos aproximaram-se do empreendimento imobiliário e agrediram o segurança, que teve que ser transportado para o Hospital de Santo António, onde recebeu tratamento médico. Estes indivíduos é que são suspeitos de assaltos violentos cometidos no Grande Porto e, nessa parte, o inquérito não visa Fernando Madureira.
O advogado do líder dos Super Dragões, Gonçalo Namora, disse ao JN que “não encontra justificação para o seu cliente ter sido detido nem para a apreensão dos veículos.