Um diretor do Novo Banco (NB), suspeito de ser uma das toupeiras de Luís Filipe Vieira na instituição, guardava cerca de 157 mil euros em dinheiro vivo no seu gabinete e mais 104 mil em envelopes num cofre particular, que foi alvo de buscas em setembro do ano passado. O Ministério Público (MP) suspeita que o dinheiro tenha uma origem ilícita e apreendeu-o em duas buscas distintas.
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Pedro Pereira era diretor do Departamento de Seguimento e Acompanhamento de Empresa no NB e tinha a cargo as situações de crédito em incumprimento, como era o caso da Imosteps de Luís Filipe Vieira, que a investigação suspeita de ter obtido informação privilegiada sobre a venda de dívidas da empresa. Por isso, em julho do ano passado, no dia da detenção de Vieira, do filho Tiago, de José António Santos e do agente de futebol Bruno Macedo, suspeitos de abuso de confiança, burla, fraude fiscal e branqueamento, o procurador Rosário Teixeira mandou realizar buscas no NB. Dava-se início à Operação Cartão Vermelho.
No gabinete de Pedro Pereira, as autoridades encontraram em duas gavetas, um total de 157 mil euros em notas do Banco Central Europeu, mas também em dólares. O dinheiro foi apreendido por suspeitas de ser proveniente de corrupção privada na concessão de créditos a clientes do NB ou ainda por apropriação de verbas entregas por outros fins. Em causa estaria um crime de abuso de confiança. Por isso, o MP mandou logo averiguar se o funcionário poderia guardar outros elementos de prova em outros locais e foi descoberto que Pedro Pereira tinha autorização para utilizar um cofre particular, titulado por uma terceira pessoa. As autoridades notificaram logo o banco de que ninguém poderia mexer no cofre porque iria solicitar buscas ao mesmo.
Entretanto, o António Ramalho, presidente do NB, mandou suspender o funcionário porque a posse daquelas verbas não eram compatíveis com as suas funções. O MP pediu as buscas a Carlos Alexandre e o juiz de instrução criminal autorizou a fiscalização do cofre. A busca foi realizada na sede do Novo Banco a 29 de setembro.
Foram encontrados 61200 euros, em notas de 500 e de 100, além de 50100 dólares, em notas de 100. O dinheiro foi igualmente apreendido, até porque Pedro Pereira não justificou a origem do dinheiro.