Dois adeptos do Vitória de Guimarães viram inibição de entrada em estádios baixar para três meses. É a terceira redução de punições da APCVD.
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O Tribunal Judicial de Guimarães reduziu de seis para três meses a sanção, de inibição de entrar em estádios, aplicada pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) a dois adeptos do Vitória de Guimarães que deflagraram tochas no Estádio D. Afonso Henriques, no jogo de 16 de fevereiro do ano passado, que ficou marcado por cânticos racistas contra o jogador Moussa Marega.
Dois irmãos que viam o jogo na bancada da claque do Vitória foram apanhados pela videovigilância do estádio, que foi passada "a pente fino" pela PSP por causa dos cânticos racistas. Nas imagens, vê-se que um dos arguidos entrega uma tocha ao irmão e este, após deflagrá-la, atira-a para o chão.
A APCVD aplicara a ambos uma multa no limite mínimo (mil euros), acrescida da inibição de entrar em estádios por meio ano. Agora, o Tribunal mantém a multa, mas reduz a inibição para três meses. "Não restam dúvidas" de que praticaram a infração, mas a medida da pena "é desajustada", justifica.
É a terceira vez que o Tribunal de Guimarães reduz ou anula sanções da APCVD a adeptos do Vitória. A primeira foi em outubro de 2020, quando um vitoriano foi multado em mil euros e um ano de interdição por deflagrar uma tocha no jogo contra o Benfica, a 4 de janeiro de 2020. A sanção foi reduzida para seis meses.
Na segunda vez, referente ao jogo do "caso Marega", um adepto foi multado em 750 euros por tapar parte do rosto com um capuz. O Tribunal anulou a multa, dizendo que o ato não era "suficiente" para alguém ser multado.
Pedro Miguel Carvalho, advogado dos adeptos nos três casos, critica a aplicação de penas acessórias "desajustadas e excessivas" por parte da APCVD, que visam "instrumentalizar o Vitória e seus adeptos, particularmente nos processos relativos ao caso Marega".
O advogado acusa aquela autoridade de "falta de isenção", com complacência do Governo: "Se o secretário de Estado da Juventude e Desporto fosse atento, estivesse preocupado com o futebol e pretendesse justiça e equidade, já teria demitido Rodrigo Cavaleiro, presidente da APCVD. Mas o secretário de Estado é inimigo do futebol e Rodrigo Cavaleiro segue as diretrizes daquele".
Já a APCVD salienta que, embora a sanção acessória tenha baixado, a condenação dos arguidos confirmou-se, pelo que "continuará a pugnar pela aplicação das boas práticas internacionais em matéria de segurança, proteção e hospitalidade em espetáculos desportivos", através "de uma eficaz aplicação das medidas de interdição de acesso a recintos desportivos".
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Preventiva desconta
Além de baixar a sanção, o Tribunal de Guimarães definiu que o período de inibição preventiva teria de ser descontado à pena. Os arguidos já cumpriram mais de um ano de interdição em estádios.
Clube mais punido
Segundo Pedro Miguel Carvalho, o Vitória de Guimarães "é o clube da Primeira Liga que tem mais processos e condenações" da APCVD, sendo várias delas "um exemplo de má justiça desportiva".
Cânticos racistas
Até agora, só três adeptos foram identificados por cânticos racistas ao jogador Moussa Marega, a 16 de fevereiro do ano passado. Ao juiz, negaram ter proferido palavras discriminatórias.