Estudante de Informática pretendia provocar explosões e lançar cocktails molotov na faculdade. Plano escrito à mão apreendido pela Judiciária.
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João queria matar indiscriminadamente alunos da Faculdade de Engenharia de Lisboa, mas tinha um alvo principal. Era um professor de uma cadeira de licenciatura em Informática que odiaria. Esse não queria falhar.
O estudante, de 18 anos, ambicionava ser o primeiro assassino em massa português, imitando o fenómeno norte-americano, e escreveu um plano para o massacre, que iria levar a cabo ontem, caso não tivesse sido detido pela Polícia Judiciária (PJ).
Passava noites e dias a visualizar vídeos violentos, de tal forma que as imagens de morte e sangue lhe moldaram a personalidade, já de si introvertida, antissocial. Desenraizado da sua pacata terra natal, Lapa Furada, na Batalha, o estudante de Engenharia Informática seria vítima de buillyng e fechou-se ainda mais. O facto de viver isolado num quarto alugado, num apartamento, nos Olivais, em Lisboa, que dividia com outros estudantes, terá contribuído para a descompensação. Nesse quarto, as autoridades encontraram um papel manuscrito, onde descreve o local e a hora do ataque, previsto para ontem.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, as autoridades apuraram que o plano começou a ser delineado há semanas e previa a colocação, nas entradas da faculdade, de bombas artesanais fabricadas com botijas de gás que foram apreendidas pela PJ no quarto do jovem. Depois, seguir-se-ia o lançamento de cocktails molotov de gasolina, também apreendidos pela PJ. João quereria atingir o máximo de alunos, mas, segundo fontes próximas do estudante, o seu alvo principal seria um professor. Esta será uma das pistas que, sabe o JN, estão a ser investigadas pelas autoridades para enquadrar o crime.
Faculdade cheia
Para matar o maior número de pessoas possível, João pensou que a manhã de ontem seria o melhor momento, pois muitos estudantes tinham de se deslocar à faculdade para fazerem exames. Comprou as botijas de gás e a gasolina, que tencionava levar até à universidade numa mochila, e aguardava pelo Dia D.
Num espaço de conversação encriptado da Dark Web (o lado obscuro da Internet), o estudante anunciou o projeto de matança. A mensagem não passou despercebida a outro utilizador, que alertou o FBI. A polícia federal americana avisou logo as autoridades portuguesas.
Os pormenores descritos por João na Internet mereceram a maior atenção da PJ, que ativou de imediato a Unidade Nacional de Contra Terrorismo. Localizado o suspeito e identificadas as moradas de Lisboa e da Batalha, seguiu-se uma discreta monitorização que permitiu aos inspetores considerar a ameaça real.
Marcelo elogiou
Anteontem, a cerca de 24 horas do momento marcado para a concretização do plano, os inspetores detiveram o jovem e apreenderam-lhe, além do gás e das garrafas com gasolina, uma besta e armas brancas. Levado ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, por terrorismo e posse de arma ilegal, João foi colocado em prisão preventiva por uma juíza, que validou a indiciação por ambos os crimes.
Ontem, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou a atuação da PJ. "Quem tinha de cumprir a missão cumpriu, de forma discreta, mas eficaz, e isso dá um sentimento de segurança acrescido aos portugueses".
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