Menina de dois anos teve de ser protegida e foi retirada à mãe pelo tribunal, mas já passam fins de semana e feriados juntas. Agressor julgado em janeiro.
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Há dois anos, teve uma filha de um companheiro que a tratava mal. Por falta de condições e atendendo ao clima de violência doméstica, o Tribunal de Família de Braga retirou-lhe a criança, logo após a nascença, e institucionalizou-a "para sua salvaguarda". A mãe, Jessyca, de 24 anos, que já fica com a menina aos fins de semana e em dias festivos como o Natal, quer que ela volte para casa. "O que mais desejo é ter a minha filha comigo em 2021. Dar-lhe todo o amor que tenho e de que ela precisa", disse ao JN. O ex-companheiro é julgado em janeiro por dois crimes de violência doméstica.
A mulher garante que tem "todas as condições para cuidar da menina". Está empregada e vive em casa dos pais com outro filho, um rapaz de sete anos, de um outro relacionamento. "A Jessyca está com a guarda do filho, a quem nunca faltou nada, logo, o mesmo acontecerá com a menina", sublinhou ao JN o seu advogado, João Ferreira Araújo, frisando que, após o ex-companheiro ser sentenciado, tentar-se-á que o Tribunal entregue a guarda da menina à mãe.
O pai, Giovanni, de 30 anos, será julgado sob a acusação de ter ameaçado e agredido a ex-companheira, com quem viveu em 2018. A acusação refere que viveram "como marido e mulher, durante oito meses. Duas semanas após o início da coabitação, na Maia, o arguido disse-lhe que ela lhe punha veneno na comida e que "estava feita com pessoas" para o matar. "Ó Jessyka, não queres ir para Braga, queres-me destruir a vida, é isso? Vai embora!", lê-se na acusação do Ministério Público por violência doméstica.
Agressões e insultos
Nessas ocasiões, quando ela arrumava as coisas para sair, o arguido empurrava-a, dava-lhe pontapés, puxava-a pelos cabelos e insultava-a. "Porca, puta, reles, demónio, só te quero usar e deitar fora, vou chamar umas amigas do Porto para te espancar e vou mandar uns amigos pegarem no teu filho e darem uma volta de carro com ele, tenho vontade de te partir os dentes, vou-te cortar o cabelo, vou apanhar a tua mãe e abusar sexualmente dela, vou a Braga disparar sobre a casa da tua mãe".
Em julho, mandou-a ir para Braga. Já na estação da CP, pegou na mala dela e mandou-a regressar, o que ela acatou, por medo. À entrada do prédio, chamou-lhe "puta". À saída do elevador, desferiu-lhe murros e pontapés no abdómen. A seguir, deu-lhe uma bofetada. Ela caiu e, ato contínuo, ele urinou-lhe em cima, relata ainda a acusação.
A seguir, despejou-lhe a mala e regou as roupas com lixívia. Nesse dia, ela regressou a casa da mãe, em Braga. Em julho, a mulher disse-lhe que estava grávida e ele prometeu que mudaria, que iria ao psiquiatra e tomaria a medicação, e convenceu-a a retomar o relacionamento. Pouco depois, passou a acusá-la de pretender abortar e fugir para o estrangeiro e proibiu-a de ir trabalhar.
A intervenção das autoridades pôs fim ao calvário. O ex-companheiro está a dias de ser julgado por dois crimes de violência doméstica e foi proibido de se aproximar da vítima, sendo controlado por uma pulseira eletrónica.