A viatura do eletricista Fernando Ferreira, conhecido como "Conde", dado como desaparecido na noite de 8 de janeiro de 2020 e encontrado morto 14 dias depois, nas margens do rio Ave, junto ao Parque de Lazer de Barco, foi encontrada pela Polícia Judiciária (PJ) na sequência de diligências feitas noutro processo. A investigação tinha concluído que o Volvo tinha sido levado para França, para esconder o crime, mas o mesmo foi encontrado em julho último, a seis quilómetros do local onde aconteceu o homicídio.
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O julgamento deste caso decorre no Tribunal de Guimarães onde António Silva ("Toni do Penha") e Hermano Salgado ("Mano") respondem por homicídio qualificado e um terceiro arguido, Paulo Ribeiro, por favorecimento pessoal, pois está acusado de ter levado a viatura da vítima para França, fazendo-a desaparecer para iludir a ação da polícia.
Na sessão desta segunda feira foi ouvida uma inspetora da PJ, mas a audiência ficou marcada pela junção ao processo de um auto de busca e apreensão, feito noutra investigação, relativo a um Volvo C30 preto, identificado no documento apenas pelo número de chassis, que corresponde à viatura de Fernando Ferreira. A inspetora da PJ ouvida em tribunal, que mudou de funções e está afastada do processo desde o final de 2020, não se lembrava de Paulo Ribeiro, nem sabia que ele tinha sido constituído arguido.
De acordo com a acusação, Hermano Salgado terá levado a viatura de "Conde" depois de o ter espancado e atirado ao Rio Ave. O crime, segundo o Ministério Público (MP), aconteceu quando António Silva, com a ajuda de Salgado, confrontou a vítima para que esta lhe devolvesse o dinheiro - cerca de 100 mil euros - que acreditava que aquele teria furtado de um cofre na sua residência.
A acusação sustenta que o outro arguido no processo, Paulo Ribeiro, levou o carro para França fazendo-o desaparecer, a pedido de "Toni do penha". Contudo, a viatura foi descoberta agora em Vila Nova de Sande, Guimarães, a seis quilómetros do local onde aconteceu o crime, durante uma busca efetuada no dia 28 de julho, numa garagem alugada por José Miguel Carvalho, que prestará declarações em tribunal na próxima sessão de julgamento.
Telemóvel em movimento no dia 9
Na tese do MP, o Volvo está também relacionado com a localização do telemóvel de Fernando Ferreira. A explicação da acusação para o local onde foi encontrado é que teria sido atirado fora, presumivelmente por Hermano Salgado, quando conduzia o carro da vítima, após o crime.
A defesa deste arguido, contudo, chama a atenção para o facto de constarem dos autos informações da operadora de telecomunicações que indicam que o telemóvel de "Conde" continuou ligado e a movimentar-se, nomeadamente na zona de Prazins, até cerca das 12 horas do dia 9. O julgamento prossegue.