Rúben Oliveira, o maior traficante de cocaína português, não tinha ligações apenas ao major Sérgio Carvalho, conhecido por "Escobar brasileiro". O narcotraficante, de apelido "Xuxas" e detido em junho do ano passado, também comprava toneladas de droga ao Comando Vermelho, uma das maiores e mais perigosas organizações criminosas brasileiras, e a cartéis colombianos.
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Foi, por isso, acusado de tráfico de droga e de liderar uma associação criminosa que, desde 2019, foi a principal abastecedora de cocaína do mercado nacional. Numa acusação concluída na terça-feira, o Ministério Público acusa outras 18 pessoas e duas empresas, usadas para importar cocaína do Brasil e da Colômbia, mas ainda para "lavar" os milhões de euros que "Xuxas" e os comparsas lucraram com o crime.
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Entre os acusados estão Dércio Oliveira e Ricardo Macedo, respetivamente irmão e cunhado de "Xuxas". Este último era o "homem de mão" de Rúben Oliveira, tendo a seu cargo a guarda do dinheiro proveniente do narcotráfico e o pagamento a fornecedores e transportadores. José Afonso, de alcunha "Xulinhas", era outra peça fundamental na rede idealizada e montada por Rúben Oliveira, nomeadamente na venda da cocaína na Grande Lisboa.
Portos e aeroporto controlados
Essenciais para o sucesso da organização eram, igualmente, Paulo Joaquim e Luís Gonçalves. Ambos estivadores, o primeiro preparava toda a logística, incluindo a contratação de colegas de trabalho, para retirar do porto de Setúbal a droga que chegava escondida em contentores marítimos. Luís Gonçalves tinha a mesma função, mas no porto de Leixões.
"Todos os arguidos estavam integrados numa estrutura vertical, encabeçada em território nacional por Rúben Oliveira e no Brasil por Sérgio Carvalho", acusa a procuradora.
Esquema semelhante foi implementado no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Aqui, era Punil Narotamo, um ex-empregado da Portway, quem recrutava funcionários de empresas de handling par retirar a coca do porão dos aviões.