Filha, com cerca de 70 anos, terá falecido há um mês. Vizinhos alertaram autoridades para "cheiro nauseabundo" da habitação em Linda-a-Velha.
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Durante cerca de 15 anos, uma mulher guardou o cadáver do pai, deitado na cama de um apartamento, em Linda-a-Velha, Oeiras, onde ela também faleceu, há cerca de um mês. Os dois corpos, em avançado estado de decomposição, foram domingo descobertos porque os vizinhos queixaram-se de um "cheiro nauseabundo" proveniente do apartamento. A Polícia Judiciária está a investigar.
O alerta foi dado às 14.50 horas. Chamados pelos vizinhos do prédio situado na Avenida de Tomás Ribeiro, em Linda-a-Velha, os bombeiros do Dafundo acorreram ao local para uma abertura de porta. Lá chegados, os operacionais depararam-se com os corpos de duas pessoas "em avançado estado de decomposição".
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o corpo da mulher, com 70 anos, foi encontrado atrás da porta de entrada do apartamento. Já o cadáver do pai estava deitado na cama, num estado quase "mumificado".
Perante o cenário, os bombeiros e a PSP alertaram a Polícia Judiciária de Lisboa.
Segundo as primeiras análises feitas durante a tarde de ontem pelas equipas de especialistas criminalistas, as autoridades acreditam que os dois familiares morreram com anos de diferença e há cerca de 15 anos, garantem os vizinhos, que o pai não era visto. Por isso, tudo indica que a filha conviveu com o cadáver do progenitor durante esses anos.
Segundo vizinhos ouvidos pelo JN, nunca se sentiram maus cheiros ao longo dos últimos anos. Existem suspeitas de que a mulher tenha cuidado do cadáver do pai para evitar que a sua decomposição fosse detetada pela vizinhança.
As autópsias e as perícias de medicina legal que os técnicos do Laboratório de Polícia Científica da PJ irão realizar serão determinantes para confirmar essa tese e estabelecer as datas das respetivas mortes.
De acordo com relatos feitos ao JN por vizinhos, a casa estaria cheia de lixo, o que poderá ter ajudado a disfarçar o odor dos cadáveres durante alguns dias.
A mulher nunca recebia visitas e, ainda segundo moradores, andava sempre sozinha.