A SAD do Benfica foi, esta sexta-feira, ilibada pela juíza Ana Peres de todos os crimes que lhe eram imputados pelo Ministério Público, no caso e-Toupeira. Paulo Gonçalves vai a julgamento.
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A instituição foi ilibada de 28 crimes de falsidade informática, um crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem e de corrupção, no âmbito do processo e-Toupeira. Paulo Gonçalves vai a julgamento por corrupção ativa, seis crimes de violação de segredo de justiça, 11 de violação de dever de sigilo e 11 de acesso indevido. Os advogados da SAD do Benfica mostraram-se satisfeitos com a decisão do tribunal.
"Estamos satisfeitos, era o que queríamos", lançou Rui Patrício aos jornalistas no final dos trabalhos no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), considerando que esta é "uma decisão que honra a justiça e que também honra o Benfica".
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Já Saragoça da Matta destacou que foi proferida pela juíza de instrução criminal Ana Peres uma "decisão técnico-jurídica correta".
A resposta dos principais rivais tardou, mas chegou. À hora de jantar, o Sporting fez chegar um comunicado às reações considerando "incompreensível" a decisão da juíza Ana Peres, admitindo recorrer. O F. C. Porto, pela voz de Francisco J. Marques, sublinhou que o caso diz apenas respeito ao Benfica e ao Ministério Público e mostrou surpresa pelos festejos dos encarnados. "Um quadro relevante do Benfica vai ser julgado por corrupção", frisou.
José Augusto Silva, tido como a "toupeira" do Benfica no sistema informático da Justiça, também vai a julgamento por corrupção passiva, um crime de peculato, seis de violação do segredo de justiça, nove de acesso indevido e nove de violação do dever de sigilo. José Silva estava em prisão domiciliária, mas a medida de coação foi também alterada pela juíza de instrução, pelo que será libertado.
A montanha pariu um rato
O advogado do arguido José Silva no caso 'e-toupeira', Paulo Gomes, considerou hoje que a "montanha pariu um rato", mesmo depois de o tribunal de instrução criminal ter decidido que o seu cliente vai a julgamento por corrupção.
"Ele [José Silva] ser libertado na véspera de Natal é uma grande alegria para ele e para a família", afirmou aos jornalistas o advogado no final da leitura da decisão instrutória no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), referindo-se ao levantamento da medida de coação que o obrigava a permanecer em casa, decretado pela juíza Ana Peres.
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"Acredito que em julgamento vamos conseguir esclarecer tudo", afirmou, considerando que, neste caso, "a montanha pariu um rato". E realçou: "Em julgamento vamos mostrar que não há qualquer corrupção."
Júlio Loureiro, funcionário judicial de Guimarães, foi ilibado de todos os crimes (corrupção passiva, violação do dever de sigilo, acesso indevido e violação do segredo de justiça).
Fez-se justiça
"Sempre disse que este processo, para o Júlio Loureiro, era o 'e-nada', e estávamos desde o início convencidos que o 'e-nada' não ia dar em nada. Estamos satisfeitos com a decisão. Fez-se justiça. Às vezes faz-se justiça", afirmou aos jornalistas o advogado Rui Pedro Pinheiro no final dos trabalhos no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
Questionado sobre se o seu cliente pondera agora pedir uma indemnização ao Estado, Rui Pedro Pinheiro admitiu estar a ponderar essa possibilidade, sem adiantar mais informações sobre esta matéria.
Sobre a possibilidade de o Ministério Público recorrer da decisão hoje tomada no TCIC, Rui Pedro Pinheiro disse que vai aguardar com "serenidade" o desenrolar dos acontecimentos, mas admitiu que espera que não haja recurso.
A pena acessória pedida pelo Ministério Público no âmbito do crime de recebimento indevido de vantagem acaba por ficar sem efeito, uma vez que a juíza de instrução criminal não pronuncia a SAD do Benfica por este crime. O MP pedia um afastamento das competições do Benfica de seis meses a três anos.