Ministério da Justiça quer que promotores da festa de Lagos paguem indemnizações
A Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, solicitou esta sexta-feira à Procuradoria-Geral da República que, em nome do Estado, atue sobre os promotores da festa ilegal em Odiáxere para que sejam responsabilizados e tenham de pagar indemnizações.
Corpo do artigo
12331797
A notícia foi avançada numa nota enviada pelo Ministério Público (MP).
O MP abriu um inquérito para apurar as circunstâncias em que decorreu uma festa ilegal, em Odiáxere, no concelho de Lagos, e que já levou ao contágio de, pelo menos, 90 pessoas, entre as quais, crianças.
"No âmbito do inquérito será avaliado o eventual enquadramento desta factualidade em prática de crime, designadamente de propagação de doença", explica a Procuradoria da República da Comarca de Faro, em comunicado.
O inquérito, a cargo do MP da secção de Lagos do DIAP de Faro, visa "apurar as circunstâncias que rodearam uma festa de aniversário realizada nas instalações do Clube Desportivo de Odiáxere". A festa decorreu "na noite de 7 para 8 do corrente mês de junho, terá reunido várias dezenas de pessoas e estará na origem de um surto de infeções por covid-19", acrescenta o comunicado.
O último balanço, feito esta sexta-feira pela delegada de saúde regional, aponta para 90 infetados, a maioria no concelho de Lagos. Um número que deverá aumentar, tendo em conta que há testes ainda a decorrer. Vários dos casos dizem respeito a crianças com menos de 9 anos. Pelo menos duas pessoas continuam internadas.
As autoridades de saúde do Algarve já tinham manifestado, em conferência de imprensa realizada na terça-feira, a sua vontade em que fossem atribuídas responsabilidades aos organizadores do evento que já provocou 90 infetados.
Segundo Ana Cristina Guerreiro, até ao momento "foram realizados 1222 testes" em Lagos, numa média de 250 por dia, número que espera que diminua hoje, "com alguns a realizar-se ainda durante o fim de semana".
A maioria dos casos positivos referem-se a pessoas residentes em Lagos, sendo que "nem todos estiverem na festa", havendo já casos de infeção em familiares, sublinhou.
O surto originado por aquela festa já provocou a suspensão de visitas aos utentes em 24 equipamentos sociais do barlavento (oeste) algarvio, num total de 13 estruturas - entre lares de idosos, unidades de cuidados continuados, lares de jovens e de saúde mental -, situadas em oito concelhos.