"João Pedro vem cheirar o aterro!" e "demissão" foram as palavras de ordem exclamadas por cerca de 30 manifestantes que, à porta das instalações da Lipor em Baguim do Monte, Gondomar, exigiram ao Governo uma solução para o aterro em Sobrado, Valongo. A população tem vindo a queixar-se dos cheiros "tóxicos" e da poluição provocada pelo aterro, argumentando que é "impossível viver naquela zona".
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O Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que estava de visita para inaugurar o novo parque fotovoltaico da Lipor, evitou o protesto, mas admitiu que se a Recivalongo - empresa gestora do aterro - não cumprir até ao dia 28 uma série de medidas corretivas para minimizar o impacto da sua atividade, poderá perder a licença para receber resíduos orgânicos.
Para Gilberto Gonçalves, da Associação Jornada Principal só há duas soluções. "Ou o Ministério encerra o aterro, ou indemniza a comunidade que será obrigada a mudar de concelho. Não se consegue viver aqui com o cheiro", sublinha o também morador. "Já foram encontradas gaivotas mortas à volta do aterro."
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Quanto ao mau cheiro, Matos Fernandes sublinhou que não tem nada a ver com a importação de resíduos. "Não recebemos resíduos orgânicos do estrangeiro por isso, não há relação entre o processo e o mau cheiro que se sente em Sobrado. O que está em causa é saber se o aterro tem, ou não, condições para poder recolher e tratar resíduos orgânicos."
Medidas corretivas
Os manifestantes, que não chegaram à fala com o Ministro, recordaram os riscos que o aterro apresenta para a saúde pública. "Não podemos abrir uma janela porque não se pode com o mau cheiro", atirou Vanessa Soares que também mora a metros do aterro. "Além disso, quase todos usavam a água dos poços, mas alguns vizinhos já fizeram testes à água que já não é potável. É assustador", sublinha a jovem.