<p>Realizou-se, esta segunda-feira, em Serreleis, Viana do Castelo, o funeral de Deolinda Rodrigues. Um dia antes expirou a sua longa vida que contava já com 108 anos. </p>
Corpo do artigo
Em Novembro do ano passado, quando festejou mais um aniversário, dizia que não tinha tantos anos. Uma insegurança temporal que contrapunha com uma certeza: a de que queria "viver muito mais tempo".
O corpo já não escondia o século que passou por ela, mas a mente, ainda desperta, conseguia despertar momentos de boa disposição a quem a ouvia. Com 108 anos, Deolinda gostava de cantar e ainda sabia a oração usada na confissão. É que quando jovem foi catequista e chegou a cantar no coral.
Viveu sozinha até há pouco mais de 20 anos quando foi acolhida pela família mais próxima. Sem descendência directa eram as sobrinhas de terceira geração que tomavam conta dela. "Não quis casar", disse, na altura ao JN, a idosa, pois segundo ela "os homens só queriam o venha a nós o vosso reino".
Durante a vida foi ganhando uns trocos fazendo bordados. A arte para ela manteve a importância, até ao fim, ao ponto de achar que "na mesa só se põe uma toalha quando há visitas".
Quando a família a acolheu, uma vizinha que tinha alertado, na altura, para o seu estado doente, chegou a dizer que "ela não deveria durar mais de um ano". Durou mais duas décadas.