BE organiza conferência internacional para debater o legado das ideias de Karl Marx
O BE promove sábado e domingo, em Lisboa, uma conferência internacional sobre os 200 anos do nascimento de Karl Marx para "debater o legado das ideias marxistas", que considera ressurgir com mais força a cada nova crise do capitalismo.
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Em antecipação à agência Lusa, a dirigente do BE Mariana Mortágua explicou que "esta conferência procura assinalar os 200 anos do nascimento de Karl Marx e de alguma forma discutir e debater todo o seu património e todo o seu legado intelectual e teórico".
"Cada vez que há uma nova crise do capitalismo, Marx ressurge com mais força e mais pertinência nas várias análises que são feitas do sistema capitalista, precisamente porque essa teoria hegemónica que inspira o neoliberalismo não é capaz de dar as respostas que é necessário dar", considerou a deputada.
Assim, economistas, filósofos, historiadores e cientistas políticos de vários países juntam-se dois dias a figuras bloquistas como a líder, Catarina Martins, os fundadores Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda ou a eurodeputada Marisa Matias, em Lisboa, para "debater esse legado das ideias marxistas".
"Marx fez uma análise do sistema capitalista única, muito lúcida, à luz do seu tempo, no sistema capitalista de há 200 anos, mas que identificava características e dinâmicas do próprio sistema que hoje de mantêm intactas e que devem ser analisadas à luz dos dias de hoje", enalteceu Mariana Mortágua.
Novo temas como a exploração do trabalho, as novas formas de precariedade, os contributos para a liberalização do mundo de trabalho, a dívida ou os mercados financeiros contribuem, na opinião da deputada do BE, "para a análise que Karl Marx nos deixou, de um sistema capitalista estruturalmente instável, gerador de desigualdades, gerador de exploração e também de crises".
Entre os vários painéis que decorrem no sábado e domingo no auditório da Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa, destaque para o que junta o deputado do BE Jorge Costa ao sociólogo Max Haiven, intitulado "A justificação marxista ou a vingança de Marx?", sobre "como é que se interpreta a crise dos mercados financeiros em 2008 à luz da teoria marxista".
Francisco Louçã e o economista Michael Ash vão debater, de acordo com Mariana Mortágua, "como é que o sistema bancário sombra pode ou não pode ser enquadrada na teoria marxista".
"Nós sabemos que Karl Marx foi vítima não apenas das aplicações práticas e antidemocráticas das suas ideias, mas também de leituras simplistas e superficiais daquilo que escreveu e daquilo que pensou, muitas vezes em nome de uma ortodoxia que se afirmava marxista", condenou.
Mariana Mortágua foi perentória: "Marx não é cartilha. Marx não pode ser lido como uma cartilha de ações a tomar".
Para a deputada bloquista, "qualquer político que se posicione no panorama político nacional tem de ter uma análise crítica do mundo em que vive".
"Tem de ter uma análise que enquadre e que tente perceber de onde vêm as desigualdades sociais, as desigualdades económicas. O grande contributo de Karl Marx é ter-nos dado, provavelmente, a mais completa e mais lúcida grelha de análise para o sistema capitalista", sublinhou.
Para Mariana Mortágua, "é essa grelha de análise que se pode hoje utilizar e reavivar para os vários elementos da sociedade e da política contemporânea e a partir dessa análise tirar conclusões" e assumir uma posição sobre políticas concretas.