O Presidente do Ruanda, Paul Kagamé, insistiu hoje para que África tenha "voz permanente" no Conselho de Segurança das Nações Unidas, defendendo que esta reivindicação deve estar "no topo das prioridades da atualidade internacional".
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Numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo zambiano, Edgar Lungu, que se encontra de visita ao país, Kagamé explicou que, apesar de existirem diferentes pontos de vista sobre como reformar o órgão da ONU, o "mais importante" é saber quando África terá direito a um assento permanente.
"A discussão sobre como reformar o Conselho de Segurança está aberta e, nessa discussão, está a inclusão de uma voz africana", disse Kagamé, também atual presidente em exercício da União Africana (UA).
O chefe de Estado ruandês defendeu que a forma de o continente ser representado deve ser definida pelos africanos, mas, mais importante do que isso, insistiu, é garantir um lugar permanente naquele órgão das Nações Unidas.
Argumentando com a "exploração de África pelo Ocidente", Kagamé defendeu ter chegado a altura de "despertar e fazer justiça" ao continente.
"A minha intenção é fazer tudo o que for humanamente possível, junto de noutros líderes africanos, para trazer progresso e desenvolvimento ao nosso continente. É uma pena que África tenha tudo o que necessita, mas que esteja longe de o conseguir", sustentou.
Há vários anos que a reforma do Conselho de Segurança da ONU está no centro dos debates, questão que tem criado "dores de cabeça" entre a comunidade internacional, uma vez que ainda se discute a forma como o tema deve ser abordado ou se se deveriam criar ou não mais assentos permanentes.
"A exigência de África de ter pelo menos dois assentos permanentes adicionais é um assunto de simples justiça"", defendeu, em setembro de 2016, o então embaixador da Serra Leoa na ONU, Adikalie Foday Sumah, ao falar em nome do Grupo Africano nos trabalhos da Assembleia Geral da organização.
Além de África, também outros países fora do continente reivindicam a entrada direta e permanente para o Conselho de Segurança da ONU, como a Alemanha, Brasil, Índia e Japão, entre outros.
Atualmente, o Conselho de Segurança é composto por 15 membros, cinco deles com assento permanente -- China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.
Os restantes dez, com um caráter não permanente, provêm de zonas regionais que vão rodando de dois em dois anos.