O Presidente da República, Cavaco Silva, quis, esta terça-feira, "valorizar as boas notícias" e aqueles que melhor as produziram, nos prémios Gazeta de jornalismo, convertidos quase oficialmente numa intervenção bem-humorada do chefe de Estado.
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"Estou aqui pela boa notícia que é a qualidade dos trabalhos produzidos por jornalistas cujo mérito é hoje aqui publicamente reconhecido, mas também pela qualidade dos trabalhos, como o júri mencionou, de muitos outros que concorreram e que não foram premiados", afirmou Cavaco Silva.
O Presidente quis ser "austero nas palavras" não só "para não destoar dos tempos que correm", mas também por "respeito" aos "estômagos" ansiosos pela "salada de lavagante" que abria o jantar de entrega dos prémios Gazeta 2010, do Clube de Jornalistas.
Numa intervenção sempre pontuada pelo humor, ao estilo dos presidentes norte-americanos no jantar anual com os correspondentes na Casa Branca, sublinhou que a constância da sua presença nesta cerimónia a equipara ao 25 de Abril, dia de Portugal, 5 de Outubro e abertura do ano judicial.
"Quem diria", ironizou.
Outra constante assinalada por Cavaco Silva é a presença de Mário Zambujal na qualidade de presidente do Clube de Jornalistas, com o seu "optimismo" e "jovialidade", o que o levou a considerar que "não há um limite de mandatos no Clube dos Jornalistas".
Cavaco Silva saudou a Caixa Geral de Depósitos, "que apesar da alteração na composição da sua administração manteve o patrocínio aos Prémios Gazeta", e deixou uma ideia para uma linha de crédito.
"Não sei se na Caixa Geral de Depósitos existirá ou não uma linha de crédito para financiar o pagamento de quotas dos jornalistas ao clube, de qualquer forma, é uma ideia que posso aqui lançar", disse.
Esta é "uma ideia que talvez não fosse de colocar totalmente de lado", insistiu o Presidente, apesar de poder chocar "com as restrições ao crédito que têm vindo a ser referidas com grande frequência na imprensa".
Cavaco Silva referiu-se também ao aumento do número de categorias nos prémios Gazeta, que passaram a incluir a distinção de mérito, imprensa, rádio, televisão, fotografia, revelação e imprensa regional.
"Graças a Deus, há alguma coisa em expansão no nosso País", disse.
O Presidente não quis deixar de estar presente porque gosta de "valorizar as boas notícias", ignorando as "fortes razões" para "pedir escusa" da sua presença no jantar: um dia em que bateu o "recorde" de 12 audiências concedidas a embaixadores, mais a audiência com o primeiro-ministro, na véspera de uma viagem e da concorrência do jogo da Dinamarca com Portugal.
"Nos tempos que correm, nós somos diariamente bombardeados por notícias negativas sobre a situação portuguesa e a situação da Europa. Estando aqui, ganho a esperança que haja uma atenção mais frequente em relação a casos de sucesso que existam no nosso país e possam aumentar as boas notícias", afirmou.
Cavaco felicitou os jornalistas premiados e fez votos que se mantenham na rota da qualidade e do rigor.
"O país agradece", disse.
Os prémios Gazeta distinguiram Adelino Gomes (mérito), Sofia Lorena (imprensa), do Público, Carlos Júlio (rádio), da TSF, Ana Sofia Fonseca (televisão), por uma reportagem emitida pela SIC, Rodrigo Cabrita (fotografia), Clara Silva (revelação), do jornal i, e o jornal Região de Leiria (imprensa regional).